Nove em cada dez médias e grandes indústrias no Brasil adotam alguma prática ambiental, diz IBGE

Iniciativas mais frequentes são relacionadas a resíduos sólidos, reciclagem e reúso e eficiência energética; setor de fabricação de bebidas é o que mais investe na área

18 set 2024 - 11h35
(atualizado às 12h55)
Fabricação de bebidas é a atividade com maior proporção de empresas com pelo menos uma iniciativa ou prática ambiental
Fabricação de bebidas é a atividade com maior proporção de empresas com pelo menos uma iniciativa ou prática ambiental
Foto: Alaor Filho/Estadão / Estadão

Nove em cada dez médias e grandes empresas industriais no País adotavam alguma iniciativa ou prática ambiental em 2023. Os dados são da Pesquisa de Inovação (Pintec) Semestral 2023: Indicadores Temáticos - Práticas Ambientais e Biotecnologia, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado significa que 8.758 das 9.827 empresas industriais brasileiras com 100 ou mais ocupados, uma fatia de 89,1%, implementaram ao menos uma iniciativa ou prática ambiental associada aos seus processos de produção. Ou seja, as demais 10,9% médias e grandes indústrias do País, 1.069 companhias, ainda não adotam qualquer prática ambiental em suas atividades.

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Entre as que adotavam, as iniciativas mais frequentes foram relacionadas aos temas resíduos sólidos (mencionado por 79,6% delas), reciclagem e reúso (75,1%), eficiência energética (61,5%), recursos hídricos (57,1%), emissões atmosféricas (46,3%) e uso do solo (23,9%).

"Os resultados sinalizam que as iniciativas e práticas ambientais têm se difundido bastante nas empresas industriais, ainda que com intensidades distintas entre os diferentes setores", avaliou o estudo do IBGE.

As atividades econômicas com maior proporção de empresas com pelo menos uma iniciativa ou prática ambiental foram: fabricação de bebidas (100%), fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (99,4%), fabricação de artigos de borracha e plástico (95,9%), fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (95,8%), e Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (95,1%).

Na direção oposta, os setores com menores adesões a essas práticas em seus processos produtivos foram: fabricação de produtos de madeira (81%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (75,1%) e manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (56,4%).

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Segundo o IBGE, 60,1% das empresas investigadas implementaram iniciativas relacionadas a pelo menos quatro temas mencionados e 18% detinham práticas em todos os seis temas. Apenas 9,7% das indústrias adotaram práticas em somente um tema.

O levantamento apontou que 73,2% das empresas investigadas realizaram algum dispêndio relacionado às iniciativas e práticas ambientais em 2023. Esses investimentos foram mais frequentes nos setores de fabricação de bebidas (92,6% das empresas), fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (88,4%) e fabricação de produtos do fumo (87,6%), mas menos adotados na fabricação de produtos de madeira (57,8%), fabricação de produtos diversos (57,5%) e manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (31,1%).

Das empresas com práticas ambientais, 88,6% disseram ter como objetivo atender a normas ambientais, 87,7% relataram estratégia autônoma da empresa, 63,9% reportaram influência de fornecedores ou clientes, 44,9% apontaram influência da opinião pública e sociedade civil organizada, 44,1% apontaram atendimento a normas ambientais de mercados externos, 28,4% reportaram influência a concorrência, e 22,2% afirmaram atratividade de programas de apoio públicos ou privados.

Entre os principais benefícios obtidos através das práticas ambientais figuraram atendimento às normas legais (89,5%), melhora da eficiência operacional e redução de custos ou riscos (84,4%) e melhora da reputação e imagem (78,8%).

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Os altos custos das soluções ambientais, a escassez de oferta de programas de apoio e fomento público e a escassez de recursos financeiros na empresa foram os principais obstáculos apontados para a adoção de práticas ambientais, tanto entre as empresas que possuíam algum tipo de iniciativa quanto entre as que não possuíam.

Das empresas com iniciativas ambientais, 53,0% foram influenciadas por regulações, e 22,7% foram influenciadas por políticas públicas de incentivo. Segundo o IBGE, o resultado mostra que há "amplo espaço para o aumento da influência dos incentivos públicos voltados para as iniciativas e práticas ambientais", já que quase 80% das empresas afirmam não terem sido influenciadas por esses instrumentos.

Uso de biotecnologia

Em 2023, 10,2% das empresas industriais com 100 ou mais pessoas ocupadas realizaram alguma atividade com uso de biotecnologia.

"Uma mesma empresa pode fazer uso de biotecnologia de diferentes formas: como usuária final; usuária integradora; produtora; e para a Pesquisa de desenvolvimento (P&D) de produtos, insumos e processos. Entre essas categorias de uso, a de usuário final foi a mais apontada com 71,4% de utilização, seguida por usuário integrador (34,4%), produtor (29,9%) e P&D (19,9%)", esclareceu o IBGE.

A Fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis alcançou 55,3% de utilização de biotecnologia em suas atividades e processos, seguida pela Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (48,7%) e de Fabricação de produtos alimentícios (27,4%).

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No ano de 2023, das 9.827 empresas pertencentes às indústrias extrativas e de transformação, 1.679 empresas (17,1%) publicaram relatório de sustentabilidade e 3.890 (39,6%) aplicaram os critérios ESG (sigla para Ambiental, Social e Governança, na tradução do inglês) em suas estratégias corporativas, apontou o IBGE.

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