Apenas nos dois dias da Cúpula do Clima, que reuniu líderes globais na Zona Azul do Parque da Cidade, em Belém, garantiu a Geni Raiol a venda de 500 camisetas personalizadas da COP30, a cerca R$ 50 cada. O evento, em si, começa oficialmente na segunda-feira, dia 10, e segue até o dia 21, mas o fluxo já está superando suas expectativas. A meta é ao menos dobrar o valor de investimento que fez, a partir do que ganhou no Círio de Nazaré, e superar o recorde de vendas de quando a Seleção Brasileira jogou clássico em Belém, em 2011.
O ponto, que fica entre o Mercado Ver-o-Peso e o Parque Docas, é de família e agora é tocado por Geni. Ela está se preparando para a COP30 desde o início do ano, visto as projeções de que o evento global irá atrair mais de 50 mil pessoas a Belém. E, mesmo com tudo pensado, as vendas começaram a decolar antes do previsto e Geni agora está na correria para conseguir garantir reposições das grades das peças até segunda. Nos dois dias, ela já faturou cerca de R$ 25 mil, metade de sua meta.
“Eu não pensava que ia vender tanto nesses dois primeiros dias. Pensava que essa Cúpula não viria pra cá, para nossa feira popular, e que ficaria no meio deles. Mas pelo contrário, deixaram o ‘salto’ de lado’ e vieram conhecer nossos estabelecimentos e também compraram bastante aqui”, disse, à reportagem.
Em sua loja, a Raiol, estão dispostos diversos modelos referentes à COP30. Mas o queridinho, tanto dos brasileiros quanto dos gringos, foi uma camisa com uma estampa que ela mesmo idealizou. O modelo conta com bandeiras dos países, o mascote da Conferência, grafismos indígena nas mangas e um título escrito inspirado na arte gráfica ribeirinha utilizada tradicionalmente para escritas em barcos, um patrimonio da região. Neste sábado, 8, restam apenas cerca de 50 unidades da versão.
Para isso, foi necessário investir. Geni conta ter utilizado todo o caixa que faturou com o Círio de Nazaré, festa religiosa que é uma espécie de ‘segundo Natal’ em Belém e que mobiliza toda a cidade, para custear as produções. Foram em torno de R$ 25 mil, e a expectativa é que, até o fim da COP, esse valor seja no mínimo dobrado.
As vendas são intensas na época do círio, que acontece anualmente durante o mês de outubro. Mas, esporadicamente, outros eventos também acabam se destacando: como foi a vez em que a Seleção Brasileira jogou contra a Argentina no Mangueirão, em Belém, e venceu por 2 a 0 em 2011. Ela conta que o estabelecimento ficou vazio devido à alta procura pelos produtos personalizados para a ocasião, e ela torce para que o efeito se repita.
Preços e pechincha
O setor em que Geni atua no Mercado Ver-o-Peso é voltado principalmente a vendas de camisetas. Artesanatos e outras miudezas, por exemplo, ficam em outra região dentro do complexo. Andando por lá, a reportagem encontrou lojas com preços similares e dentro do padrão do que seria encontrado em outros momentos. Camisetas de time, ou especiais da COP, estão sendo vendidas em torno de R$ 50 na versão masculina e R$ 45 na feminina. Já as peças em tamanhos infantis ficam em torno de R$ 35.
Geni explicou que a fiscalização da administração da feira está “em cima” para que os vendedores não abusem nos preços durante a COP30. “Aqui, quem dizer que não vendeu está mentindo ou, então, colocou os preços lá em cima. Pessoas que querem enriquecer em uma única venda, o que no ramo informal não acontece. Precisamos batalhar todos os rias para se construir”, afirmou.
Mesmo com os valores dentro do padrão, a vendedora desabada que os gringos estão “chorando tanto quanto os brasileiros” na hora da compra.
Ela tem dificuldades com a pronúncia ao falar em inglês, mas se arrisca e consegue entender bem o que dizem por ter estudado a língua. Além disso, diz se garantir no espanhol e no francês. “A minha língua só é travada no inglês”.