O segundo e último dia da Cúpula do Clima, evento que reúne líderes globais em esquenta às negociações climáticas da COP30, em Belém, no Pará, acontece em meio a obras inacabadas da Zona Azul, área onde apenas pessoas com credenciamento podem entrar – como delegações oficiais de diversas parte do mundo e a imprensa. A entrada tem cheiro de serragem, barulho de ferramentas em funcionamento e funcionários circulando com capacetes e coletes refletivos em meio ao público. A segurança também segue reforçada, e a caminhada é de 20 minutos da entrada aos fundos da área.
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Nesta sexta-feira, 7, se mantém um forte esquema de segurança em torno da Cúpula, considerando as autoridades envolvidas no evento. No primeiro dia do encontro, quinta-feira, 6, por exemplo, além do presidente Lula estiveram presentes lideranças como o príncipe William, do Reino Unido, e Emmanuel Macron, da França.
Por conta disso, há diversas ruas fechadas no entorno da estrutura que abrigará a COP30. Para quem chega de carro, é preciso descer do veículo há cerca de uma longa quadra e ir andando à pé até o Hangar, ponto que está sendo feito como porta de entrada para os credenciados à Cúpula do Clima.
A contar do Hangar até a entrada da Zona Azul, em si, são cerca de cinco minutos andando. Pelo caminho há viaturas da Polícia Militar, da Polícia Rodoviária Federal e do Corpo de Bombeiros, assim como calçadas com a pavimentação solta e também obras aos arredores.
Chegando na Zona Azul, há filas para quem já está credenciado, para quem irá fazer credenciamento e uma entrada ao lado para a imprensa. Todos precisam passar pelo detector de metais, em um esquema similar ao de um aeroporto.
Quatro meses de trabalho não foram suficientes para entregar a Zona Azul totalmente pronta para a Cúpula – o que espera que aconteça até segunda-feira, dia 10, quando efetivamente tem início a COP30.
A Zona Azul, no total, é um espaço de 500 mil m². Por ela, além dos pavilhões, estão dispostos espaços destinados a escritórios das delegações, diversas salas de reuniões, banheiros, centro de mídia e áreas voltadas à imprensa, plenárias e, ao fundo, uma área restrita voltada ao público "vip", as delegações oficiais.
Por fim, há uma área de alimentação na parte externa, com empreendimentos como cafés e lanchonetes – onde a reportagem encontrou quiches a R$ 40, copos com mini pães de queijo também a R$ 40, empadas de 130g a R$ 39 e sucos a R$ 35. Do Hangar até essa área da alimentação, indo de ponta a outra, o trajeto leva cerca de 20 minutos andando.
O primeiro dia do encontro foi possível notar escadas, extintores, galões de água e outros itens em diversos pontos, destoando de um ambiente pensado para estar preparado para receber lideranças globais. 'Surpresas' também foram encontradas em diversos banheiros espalhados pelo espaço: como sujeiras pelo chão, itens quebrados, falta de sabonete e de água.
A falta de energia foi outro aspecto que marcou a abertura da Cúpula do Clima. Na sala de imprensa, a cafeteria não serviu café pela manhã pois ficou sem energia para ligar as máquinas. Na área restrita, delegações e líderes de Estado não puderam experimentar o sorvete da máquina lá instalada porque, ao menos na maior parte do primeiro dia dia, ela não funcionou por falta de conexão.
COP30 e Cúpula do Clima
Belém deixou de ser apenas a capital do Pará e passou, temporariamente, a ser a capital do Brasil para receber a COP30, a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. É a primeira vez que o evento acontece no Brasil -- e, junto com ele, acontecem diversas agendas paralelas que "esquentam" o período das negociações climáticas.
No caso da Cúpula do Clima, chefes de delegação apresentando discursos formais sobre questões climáticas, de impacto e ações de mitigação. O presidente Lula discursou na abertura, quinta-feira, 6, e citou o 'elefante na sala' -- não só dessa, mas como de todas as COPs e do debate climático como um todo: os combustíveis fósseis. E isso mesmo que em meio ao seu posicionamento encarado como contraditório de apoiar os estudos para exploração na Foz do Rio Amazonas.
O ponto é central porque a maior parte das emissões globais são devido à queima de combustíveis fósseis -- com ênfase no setor da energia. Estão entre os países que mais emitem China, Estados Unidos, União Europeia, Índia e Rússia.
No caso do Brasil, o cenário é diferente. O país emite gases de efeito estufa principalmente por mudanças do uso do solo -- o que inclui queimadas, desmatamento e atividades agropecuárias. A cidade que mais emite, por exemplo, é São Félix do Xingu, onde há cerca de 40 cabeças de gado por habitante.
Lula está em Belém desde o dia 1° de novembro participando de encontros com líderes, inaugurando obras de infraestrutura e indo a encontro com comunidades locais. O presidente deve deixar a capital ainda nesta sexta, conforme divulgado em sua agenda, quando tem fim a Cúpula do Clima.
Nesta sexta-feira a programação começou às 8h, com a chegada dos líderes recepcionados pelo petista. Depois, por volta de 11 horas, fizeram a tradicional "foto de família". Agora, até 18h, tem continuação a Plenária Geral dos Líderes. Também estão previstas duas mesas redondas: uma sobre transição energética, outra sobre os 10 anos do Acordo de Paris: "Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e Financiamento".
*A repórter Beatriz Araujo viajou a Belém com apoio do ClimaInfo.