Hospedagens em Belém para a COP30 têm preços exorbitantes, gerando queixas internacionais; governo promete opções mais acessíveis com tarifas entre R$ 555 e R$ 3.330 por pessoa.
Uma casa relativamente simples, com um quarto, uma cama de casal e um banheiro, é anunciada por R$ 1.514.700, em um site de buscas por hospedagens, para os 11 dias da COP30, que acontecerá em Belém (PA), entre 10 e 21 de novembro. A simulação foi feita considerando dois hóspedes. Ou seja, a diária, por pessoa, sai a R$ 68.850.
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O Terra tentou simular quanto seria se hospedar na mesma casa em outras datas, mas a mensagem que aparece é que ela não está disponível. Na plataforma usada, o Booking, este é o imóvel com o segundo preço mais caro: há, ainda, uma opção de casa de luxo para 16 pessoas por R$ 2.232.538 -- caindo para algo em torno de R$ 12,7 mil a diária por pessoa. Esta também não está disponível para aluguel fora dos dias da COP30.
Os altos preços de hospedagem na capital paraense têm sido alvo de críticas por parte dos países que enviarão representantes ao Brasil para participar do evento de cunho climático.
Nesta sexta-feira, 1º, a Secretaria Extraordinária da COP30 afirmou, em nota à imprensa, que o governo brasileiro e o governo do Pará firmaram um compromisso para oferecer hospedagem "inclusiva e acessível" às delegações que participarão da convenção.
"O plano de acomodação está sendo implementado em fases, com prioridade, nesta etapa, para as delegações que participarão diretamente das negociações oficiais da COP30. Atualmente, estão disponíveis 2.500 quartos individuais com tarifas fixadas entre US$ 100 e US$ 600", informou.
Convertendo para reais, os quartos oferecidos neste plano custarão entre R$ 555 e R$ 3.330, na conversão atual, por pessoa.
A declaração foi dada um dia após o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, ter confirmado que alguns países pediram uma reunião de emergência com a Organização das Nações Unidas (ONU) para falar sobre os preços abusivos de hotéis em Belém (PA).
"Na maioria das cidades onde as COPs aconteceram, os hotéis passaram a pedir o dobro ou o triplo do valor. No caso de Belém, os hotéis estão pedindo mais de 10 vezes os valores normais. Então, há uma sensação de revolta dos países por essa insensibilidade, sobretudo por parte dos países em desenvolvimento", disse durante um encontro da Associação de Correspondentes Estrangeiros (AIE), em parceria com o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP).
De acordo com Corrêa do Lago, alguns países em desenvolvimento informaram, durante a reunião promovida pela ONU , que não poderão comparecer à COP30 caso a questão dos valores da hospedagem não seja revista.
"De fato, os preços de Belém estão completamente abusivos. São mais de 10 vezes mais caros, 15 vezes o valor que os hotéis normalmente cobram em Belém. E há um esforço muito grande do governo para conseguir convencer os hotéis para baixar o preço, porque a legislação brasileira não pode impor isso aos hotéis. Acredito que talvez os hotéis não estejam se dando conta da crise que estão provocando", declarou.
Um diplomata confirmou à Reuters que as reclamações sobre acessibilidade econômica vieram tanto de nações pobres quanto de nações ricas. As autoridades brasileiras responsáveis pela organização da cúpula garantiram repetidamente que os países mais pobres terão acesso a acomodações que possam pagar.