Após a repercussão em torno do Banco Master, um assunto voltou à tona: a demissão de dois gerentes da Caixa Econômica Federal, em julho de 2024, que se opuseram à compra de um lote de R$ 500 milhões em letras financeiras do Banco Master. A área técnica de Renda Fixa da Caixa Asset desaconselhou a aquisição, classificando-a como "arriscada" e "atípica" para os padrões da instituição estatal.
Caixa e Banco Master
Um parecer sigiloso, elaborado pelos técnicos, apontou que o volume de R$ 500 milhões era excessivamente alto para ser aplicado em uma instituição com o perfil de risco do Banco Master. O documento interno da Caixa Asset chegou a classificar o modelo de negócios do Master como "de difícil compreensão" e alertou para o "alto risco de solvência" da instituição, que possuía um rating interno de BB+, considerado de médio risco.
Diante do impasse técnico, que resultou na retirada do assunto da pauta de votação do comitê de investimento, a cúpula da Caixa Econômica Federal agiu. Quatro dias após o posicionamento contrário, os gerentes Daniel Cunha Gracio, de Renda Fixa, responsável pelo parecer, e Maurício Vendruscolo, de Renda Variável, foram destituídos de seus cargos. Os executivos haviam alertado que a Caixa Asset nunca havia aplicado um volume sequer próximo desse valor em um perfil de risco similar.
Na época, a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) e as Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Apcefs) se manifestaram após as demissões. "A destituição desses empregados parece ser uma retaliação injusta, que demanda uma apuração rigorosa e imediata por parte da Caixa. Ressaltamos que a atuação dos empregados da Caixa foi exemplar, demonstrando compromisso com a integridade e segurança do banco. No entanto, estamos preocupados com possíveis ingerências e direcionamentos para negócios escusos, que devem ser investigados com seriedade", afirmam as entidades bancárias, em nota.
Daniel Vorcaro solto
O dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, deixou o Centro de Detenção Provisória (CDP) 2 de Guarulhos neste sábado (29). Vorcaro deixou a unidade prisional da usando tornozeleira eletrônica. A decisão foi do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região. Além disso, outros 4 executivos do Banco também foram soltos.
"Conforme decisão judicial, ele será monitorado eletronicamente pelo Centro de Controle e Operações Penitenciárias da Polícia Penal do Estado de São Paulo", informa trecho do comunicado da SAP sobre Vorcaro.
A detenção está relacionada à Operação Compliance Zero da Polícia Federal (PF). A prisão do empresário ocorreu no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP), na noite de uma segunda-feira (17), quando ele se preparava para embarcar.
Motivos da prisão:
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Fraudes financeiras: A operação investiga a emissão de títulos de crédito falsos (ou "insubsistentes") por instituições financeiras que integram o Sistema Financeiro Nacional.
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Crimes: Os crimes apurados incluem gestão fraudulenta, gestão temerária e organização criminosa.
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Mecanismo suspeito: As investigações apontam que a instituição financeira teria fabricado carteiras de crédito sem lastro ou insubsistentes, que teriam sido comercializadas e vendidas a outro banco.
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Liquidação do banco: No mesmo dia em que a prisão foi tornada pública, o Banco Central (BC) decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master por detectar graves violações às normas que regem o Sistema Financeiro Nacional e problemas de liquidez.