O papa Leão 14 disse às comunidades judaicas do mundo que deseja fortalecer o diálogo da Igreja Católica Romana com elas, em uma mensagem que ocorre depois de uma deterioração das relações entre o Vaticano e Israel por causa da guerra em Gaza.
O primeiro papa nascido nos Estados Unidos enviou uma carta ao rabino Noam Marans, diretor de assuntos inter-religiosos do Comitê Judaico norte-americano, que publicou a carta na plataforma X na noite de segunda-feira.
"Confiando na assistência do Todo-Poderoso, eu me comprometo a continuar e fortalecer o diálogo e a cooperação da Igreja com o povo judeu no espírito da declaração Nostra Aetate do Concílio Vaticano II", disse Leão na carta.
Nostra Aetate foi um documento de referência do Concílio de 1962-1965 que repudiou o conceito de culpa coletiva dos judeus pela morte de Jesus e incentivou o diálogo com religiões não cristãs.
O breve documento revolucionou as relações católicas com os judeus após séculos de perseguição e desconfiança. O diálogo ocorrido nas duas décadas seguintes possibilitou que o papa João Paulo 2º se tornasse o primeiro pontífice a visitar uma sinagoga, fazendo um discurso no principal templo de Roma em 1986, onde chamou os judeus de "nossos amados irmãos mais velhos".
Após anos de relações muitas vezes tensas, o Vaticano e Israel assinaram um "acordo fundamental" em 1993 e trocaram embaixadores plenos no ano seguinte.
Uma fonte do Vaticano disse que Marans participará da missa inaugural de Leão no domingo. Mais de uma dezena de outros líderes judeus de todo o mundo também devem comparecer, segundo a fonte.
Ainda não estava claro se algum líder do governo israelense participaria da missa.
Embora o falecido papa Francisco tenha frequentemente condenado o antissemitismo, as relações entre o Vaticano e Israel azedaram após o início da guerra em Gaza em 2023.
Os militantes do Hamas atacaram Israel em 7 de outubro de 2023, matando cerca de 1.200 pessoas e levando cerca de 250 reféns para Gaza. Mais de 52.000 palestinos foram mortos em Gaza desde então, afirmam as autoridades palestinas, e áreas do enclave foram destruídas.
Francisco, que visitou a Terra Santa em 2014, sugeriu em novembro passado que a comunidade global deveria estudar se a campanha militar de Israel em Gaza constituía genocídio, em algumas de suas críticas mais explícitas à conduta de Israel na guerra contra o Hamas.