Megaoperação no Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho mobilizou 2,5 mil policiais, resultou em 64 mortes e teve grande repercussão internacional devido à extrema violência e uso de drones por criminosos.
Nesta terça-feira, 28, a população do Rio de Janeiro assistiu aflita à megaoperação policial contra o Comando Vermelho (CV). As ações, consideradas as mais letais da história da cidade, ocorreram nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte da capital fluminense. Ao menos 64 pessoas foram mortas — entre elas, quatro policiais.
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A violência da ação repercutiu entre os principais veículos da imprensa internacional. O norte-americano The New York Times citou o número de mortos e descreveu a operação como uma "repressão às quadrilhas de traficantes".
O jornal argentino Clarín destacou na capa do site que esse “foi um dos maiores golpes contra o sanguinário Comando Vermelho, que usava drones para lançar explosivos sobre os policiais.” Já o conterrâneo La Nación focou na dimensão da operação, a maior da história, “com cenas de extrema violência descritas pelas autoridades como uma guerra”.
Na Europa, o periódico britânico The Guardian usou as aspas de Renê Silva, ativista comunitário e jornalista que dirige um jornal local chamado Voz das Comunidades: “O problema da criminalidade no Rio precisa ser combatido em outros lugares — não apenas nas favelas. Não temos plantações de maconha ou cocaína aqui. Não temos fábricas de armas aqui. Esta não é uma luta contra o crime, é uma luta contra a pobreza.”
O espanhol El País destacou os números da megaoperação e o pedido de ajuda às Forças Armadas pelo governador do Rio, Cláudio Castro.
Enquanto isso, o jornal português O Público lembrou que, "nos últimos anos, as intervenções militares contra grupos criminosos no Rio de Janeiro têm se multiplicado."
Já a rádio francesa RFI ressaltou o pavor dos moradores em meio aos combates. "É a primeira vez que vemos drones (de criminosos) jogando bombas na comunidade", disse um jovem, em condição de anonimato, à agência AFP. "Todos estão apavorados porque há muitos tiros."
Confira as operações policiais com mais óbitos na cidade do Rio, desde 1990
- 64 mortes (sendo 4 de policiais) na Penha e Alemão, em outubro de 2025, em operação realizada pelas polícias Militar e Civil;
- 28 mortes (sendo 1 de policial) no Jacarezinho, em maio de 2021, em operação realizada pela Polícia Civil;
- 23 mortes na Penha, em maio de 2022, em operação realizada pelas polícias Militar, Civil e Rodoviária Federal;
- 19 mortes no Alemão, em junho de 2007, em operação realizada pelas polícias Militar e Civil;
- 17 mortes (sendo 1 de policial) no Alemão, em julho de 2022, em operação realizada pelas polícias Militar e Civil;
- 17 mortes (sendo 2 de policiais) no Senador Camará, em janeiro de 2003, em operação realizada pela Polícia Militar;
- 15 mortes em Fallet, em fevereiro de 2019, em operação realizada pela Polícia Militar;
- 14 mortes no Alemão, em maio de 1995, em operação realizada pela Polícia Militar;
- 13 mortes em São Gonçalo, Salgueiro, em março de 2023, em operação realizada pelas polícias Militar e Civil;
- 13 mortes no Vidigal, em julho de 2006, em operação realizada pela Polícia Militar;
- 13 mortes em Catumbi, em abril de 2007, em operação realizada pela Polícia Militar;
- 13 mortes no Alemão, em julho de 1994, em operação realizada pela Polícia Civil.