Cláudio Castro e Governo Federal entraram em conflito durante megaoperação mais letal do Rio, que resultou em 64 mortes; enquanto Castro acusou falta de apoio, o Ministério da Justiça rebateu afirmando cooperação.
Em meio a megaoperação mais letal do Rio de Janeiro, o Governo Federal e o governador do Estado, Cláudio Castro (PL), trocaram farpas. A confusão’ começou após Castro afirmar que as forças de segurança estaduais estavam atuando sozinhas na ação desta terça-feira, 28, contra lideranças do crime organizado e combate a expansão territorial do Comando Vermelho (CV).
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De acordo com a GloboNews, o governador alegou que o governo federal negou ajuda para as operações no Estado. “Tivemos pedidos negados 3 vezes: para emprestar o blindado, tinha que ter GLO [Operação de Garantia da Lei e da Ordem], e o presidente [Lula] é contra a GLO. Cada dia uma razão para não estar colaborando”, declarou Castro.
Em resposta, o Ministério da Justiça rebateu a afirmativa dele, dizendo que atendeu aos 11 pedidos de renovação feitos pelo governo estadual. Esses pedidos incluem a cessão de coletes, carros e equipamentos necessários para a polícia. A pasta ainda afirmou que isso demonstra "total apoio" às forças de segurança estaduais e federais que atuam naquela região.
O comunicado também aponta que, desde outubro de 2023, a Força Nacional no Rio de Janeiro é mantida com atuação garantida até dezembro de 2025, podendo ser renovada.
Depois de ser desmentido, segundo a emissora, Castro ligou para a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, para esclarecer que não teve a intenção de criticar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Sua intenção, na verdade, era de explicar que solicitou empréstimo de blindados, mas os pedidos não foram autorizados por falta de uma Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), e que sem a solicitação oficial de GLO, não é possível liberar o veículo especial.
Pouco depois da ligação entre Gleisi e Castro, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, concedeu uma coletiva e lamentou as mortes ocorridas durante a operação. Ao menos 60 criminosos e 4 policiais morreram. Ele evitou fazer críticas diretas ao governo estadual, mas destacou que não houve comunicação prévia com o Ministério da Justiça.
"Não posso julgar, porque não estou na cadeira do governador", afirmou. "Não recebi nenhum pedido do governador do Rio de Janeiro quanto ministro da Justiça e da Segurança Pública para esta operação, nem ontem, nem hoje, absolutamente nada".
Megaoperação
A megaoperação para capturar lideranças do crime organizado e combater a expansão territorial do Comando Vermelho (CV) aconteceu nesta terça-feira, 28, nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro.
Até última atualização confirmada pelo Terra com a Secretaria de Segurança Pública do Rio, morreram 60 criminosos e 4 policiais em torno da operação. A ação já prendeu ao menos 81 suspeitos e apreendeu 10 fuzis. A Policia Civil espera que cem traficantes sejam detidos.
Etapa da Operação Contenção, ação permanente de combate à facção, a força-tarefa foi deflagrada a partir de mais de um ano de investigação e mandados de busca e apreensão e de prisão obtidos pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE).
Entre os presos estão o homem apontado pela polícia como braço direito do criminoso conhecido como Doca, uma das lideranças do CV. Thiago do Nascimento Mendes, conhecido como Belão do Quitungo, foi capturado em Chatuba da Penha, Complexo da Penha, Zona Norte do Rio.