O temor levantado pelas agências de notícias nos últimos dias se confirmou na noite deste sábado, 21, quando os Estados Unidos anunciaram ataque a três usinas nucleares iranianas. A ação norte-americana repercutiu nos principais jornais internacionais.
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O The New York Times, mais respeitado veículo dos EUA, destacou que o país entrou na guerra de Israel contra o Irã e afirmou que a equipe do presidente Donald Trump agora se prepara para as retaliações.
A manchete do britânico The Guardian foi para a ameaça de Trump, que disse que Teerã terá que fazer a paz ou haverá mais tragédia. Além disso, o período analisou a estratégia de "destruir o programa nuclear do país, em uma jogada arriscada para enfraquecer um inimigo de longa data em meio à ameaça de represálias de Teerã que poderia desencadear um conflito regional mais amplo".
O alemão Bild também deu espaço para a declaração do presidente norte-americano dizendo que a “operação militar foi bem-sucedida no Irã”. Na Itália, o Corriere dela Sera destacou a superbomba utilizada pelos EUA nos ataques.
O anúncio de Trump
Trump anunciou que a potência norte-americana entrou no meio da guerra entre Irã e Israel em publicação no seu perfil na rede social Truth Social, às 20h50.
Conforme o republicano descreveu, foram três locais atingidos nesta noite, sendo dois os principais centros de enriquecimento de urânio do Irã. No caso, a instalação subterrânea de Fordow e a usina de enriquecimento maior em Natanz, que foi atacada por Israel há alguns dias.
Já o terceiro local fica perto da cidade antiga de Isfahan. Acredita-se que o Irã guarda seu urânio enriquecido próximo ao grau de bomba nesse local.
"Todos os aviões estão em segurança a caminho de casa. Parabéns aos nossos grandes guerreiros americanos. Não há outro exército no mundo que pudesse ter feito isso. Agora é a hora da paz! Obrigado pela atenção a este assunto”, disse Trump.
"Este é um momento histórico para os Estados Unidos da América, Israel e o mundo. O Irã deve agora concordar em acabar com esta guerra", complementou o presidente dos Estados Unidos.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, também se pronunciou nas redes sociais e agradeceu a Trump. Para Netanyahu, essa "decisão ousada" irá "mudar a história".
“O presidente Trump e eu costumamos dizer: ‘Paz através da força’. Primeiro vem a força, depois vem a paz. E esta noite, o presidente Trump e os Estados Unidos agiram com muita força”, disse, em outro trecho.
Na visão de Netanyahu, a liderança de Trump "criou hoje um pivô da história que pode ajudar a levar o Oriente Médio e além a um futuro de prosperidade e paz".
A reação do Irã
"Agora a guerra começou para nós. E mate-os onde quer que você os encontre...". Assim se pronunciou a Guarda Revolucionária Iraniana por volta de 23h10 -- mesmo horário em que Donald Trump discursava sobre a operação militar.
Pouco antes, um comentarista da televisão estatal iraniana afirmou que "todo cidadão americano ou militar na região é agora um alvo legítimo”. O comentarista também deixou um aviso a Donald Trump: "Você começou. Nós vamos terminar".
Já a agência de notícias estatal iraniana IRNA citou que um oficial do Irã informou que "não havia materiais nesses três locais nucleares que causem radiação". O comentário sugere que as autoridades iranianas podem ter removido o urânio enriquecido das instalações antes dos bombardeios.
Exposição ao risco
De acordo com o New York Times, mais de 40.000 soldados e civis ativos dos EUA trabalham para o Pentágono no Oriente Médio, espalhados por diversos países da região, juntamente com bilhões de dólares em armamentos e equipamentos militares.
Milhares dessas tropas americanas podem estar na linha de fogo direta do Irã -- seja por meio de mísseis, drones ou ataques de grupos aliados aos iranianos, que atuam em vários dos mesmos países onde as forças dos EUA estão posicionadas.
"Para acalmar a situação o máximo possível, Trump deveria realocar urgentemente o maior número possível de tropas americanas estacionadas na região para áreas seguras, antes que o Irã possa retaliar", afirmou ao NYT Rosemary Kelanic, diretora do programa do Oriente Médio da Defense Priorities, um think tank que defende uma política externa moderada.
O deputado Hakeem Jeffries, de Nova York, líder democrata na Câmara, opôs-se à ação do presidente, afirmando: "O presidente Trump enganou o país sobre suas intenções, não buscou autorização do Congresso para o uso da força militar e corre o risco de envolver os Estados Unidos em uma guerra potencialmente desastrosa no Oriente Médio".
O parlamentar solicitou uma reunião informativa confidencial imediata do Congresso e afirmou que o presidente "assume total e completa responsabilidade por quaisquer consequências adversas decorrentes de sua ação militar unilateral".