Um dos cinco europeus sancionados pelos EUA entra na justiça contra o governo Trump

O britânico Imran Ahmed, um dos cinco europeus sancionados pelos Estados Unidos por defender uma regulação mais rígida da tecnologia, entrou na justiça contra a administração do presidente Donald Trump

26 dez 2025 - 06h24
(atualizado às 07h25)
Resumo
O britânico Imran Ahmed, sancionado pelos EUA por defender maior regulação tecnológica, processou o governo Trump, acusado de retaliar críticos das big techs em meio a tensões entre EUA e UE sobre soberania digital.
O presidente dos EUA, Donald Trump, discursa na Casa Branca, em 17 de dezembro de 2025, em Washington.
O presidente dos EUA, Donald Trump, discursa na Casa Branca, em 17 de dezembro de 2025, em Washington.
Foto: © Doug Mills / POOL/AFP / RFI

Essa é uma escalada sem precedentes, avaliam os jornais franceses. As sanções contra cinco europeus defensores da regulamentação das big techs são inéditas. O símbolo da disputa é o francês Thierry Breton, ex-comissário europeu e arquiteto da Lei dos Serviços Digitais do bloco. Ele e quatro dirigentes de ONGs europeias tiveram seus vistos negados e são agora persona non grata nos Estados Unidos, ressalta o diário Le Parisien.

Motivo da sanção: Washington acusa a União Europeia (UE) de impor regras que "censuram" plataformas americanas e ameaça ampliar a lista de pessoas banidas. O secretário de Estado Marco Rubio justificou a medida como um combate ao "complexo industrial global da censura".

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A medida segue meses de tensão desde a volta de Trump ao poder em janeiro, incluindo ameaças de tarifas e investigações contra empresas europeias (Spotify, Siemens, Mistral AI), caso Bruxelas não flexibilize suas leis digitais

Por enquanto, a Comissão Europeia condenou "firmemente" a decisão. O bloco defende que as regras foram democraticamente aprovadas e aplicadas de forma objetiva. Buxelas promete reagir para defender sua autonomia regulatória. Macron classificou as sanções de "intimidação" e reafirmou a soberania digital da UE.

Resistência europeia

Os cinco europeus sancionados representam agora a resistência europeia, segundo o jornal Les Echos. Essa "guerra fria digital" corre o risco de evoluir para um confronto comercial aberto entre os dois blocos, aponta o jornal econômico. Em editorial, o diário se pergunta se não chegou a hora de Bruxelas também ser agressiva e responder à altura, com sanções que privariam os americanos do maior mercado do mundo. 

O jornal Le Figaro diz que a Europa busca a resposta às sanções americanas, num contexto em que o bloco depende da tecnologia americana e não possui gigantes do setor de tecnologia como os Estados Unidos. O diário conservador também assinala que essa tensão marca uma escalada inédita entre os dois lados. 

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"Essa nova humilhação passou dos limites para a União Europeia?", pergunda o Le Figaro, que lembra outros episódios como o acordo tarifário assinado pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em um campo de golfe de Trump. Essa descredibilização é vista como uma ameaça à soberania europeia.

Britânico processa administração Trump

O jornal conservador destaca ainda que o britânico Imran Ahmed, um dos cinco europeus sancionados, entrou com um processo contra o governo Trump. Washington acusa a ONG do ativista, que combate à desinformação e ao discurso de ódio na internet, de ter militado contra 12 personalidades antivacinas dos Estados Unidos, entre eles, o secretário de Saúde e Serviços Humanos, Robert F. Kennedy Jr. 

Um juiz de Nova York aceitou a queixa, apresentada na quinta-feira (25), bloqueando temporariamente uma eventual prisão inconstitucional, detenção punitiva e deportação de Ahmed. Uma audiência preliminar foi marcada para a próxima segunda-feira (29) sobre o caso.

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