Joesley Batista, da JBS, foi à Venezuela pedir para Maduro renunciar, diz agência

Bilionário brasileiro tenta amenizar tensões políticas entre o governo Trump, dos Estados Unidos, e o regime venezuelano

4 dez 2025 - 15h21
(atualizado às 17h16)
Joesley Batista, proprietário da JBS.
Joesley Batista, proprietário da JBS.
Foto: Ayrton Vignola/Estadão / Estadão

O bilionário Joesley Batista, coproprietário da JBS, viajou para a Venezuela para tentar persuadir o presidente Nicolás Maduro a renunciar ao cargo, como havia pedido Donald Trump, dos Estados Unidos, em 'ultimato' ao país. A informação é da agência internacional Bloomberg, em reportagem publicada nesta quinta-feira, 4.

Segundo a agência, Joesley tem se posicionado discretamente com o intuito de amenizar tensões políticas entre o governo Trump e o regime venezuelano. Ele teria se reunido com Maduro no dia 23 de novembro, dois dias após o presidente norte-americano ter pressionado o venezuelano a deixar o cargo em uma ligação.

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Desde setembro, os Estados Unidos atacam embarcações que supostamente transportam drogas no Caribe e no Pacífico. Nisso, Washington ameaçou ampliar operações militares para terra firme e classificou o Cartel de los Soles como organização terrorista – grupo que, segundo os EUA, incluiria Maduro. O presidente venezuelano nega as acusações e afirma que os norte-americanos querem derrubá-lo para controlar riquezas naturais do país, como o petróleo.

Em busca de apaziguar as tensões, Joesley teria ido à viagem por iniciativa própria, sem representar nenhum governo, conforme afirmou a J&F, holding da família Batista, em comunicado à agência. Em paralelo, fontes que tiveram suas identidades preservadas indicam que o governo Trump estava ciente dos planos do bilionário, de ir a Caracas reforçar a mensagem norte-americana.

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A reportagem destaca que a JBS é dona da Pilgrim’s Pride Corp., uma produtora de frango com sede no Colorado, nos Estados Unidos, que doou US$ 5 milhões para o comitê de posse de Trump – a maior doação individual ao candidato. A relação entre Joesley e Trump se manteve ativa, com o bilionário tendo até se reunido com o presidente para defender a remoção das tarifas sobre a carne bovina em maio ao ‘tarifaço’ aos produtos brasileiros.

A aproximação de Joesley com a Venezuela também não é de agora. Sua família, Batista, tem laços de cerca de uma década – com a JBS já tendo negociado, conforme indica a Bloomberg, um acordo de US$ 2,1 bilhões com Maduro para abastecer a Venezuela com carne em um período em que o país enfrentava escassez de alimentos e hiperinflação.

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A Casa Branca não quis comentar o caso. O Ministério da Informação da Venezuela e o gabinete da vice-presidente Delcy Rodríguez também não responderam aos pedidos de posicionamento.

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Ultimato de Trump

No último dia 21 de novembro, o presidente Donald Trump e Nicolás Maduro conversaram por telefone. Na ligação, Trump deu o prazo de uma semana, a contar de 21 de novembro, para que Nicolás Maduro deixasse a Venezuela – e ele ignorou o ultimato, seguindo no país. 

Segundo a Reuters, Maduro disse a Trump que aceitaria deixar a Venezuela caso recebesse garantias amplas: anistia total para ele e sua família, retirada de todas as sanções e o fim de um processo que enfrenta no Tribunal Penal Internacional. Ele também pediu o cancelamento das sanções aplicadas a mais de 100 membros de seu governo, muitos acusados pelos EUA de corrupção, violações de direitos humanos ou ligação com o narcotráfico, e que a vice-presidente Delcy Rodríguez assumisse um governo interino até novas eleições

Trump rejeitou quase todas as demandas. Em uma conversa de menos de 15 minutos, o norte-americano só ofereceu a Maduro a possibilidade dele deixar o país em até uma semana (prazo que venceu na sexta-feira passada, dia 28), com sua família, para o destino que escolhesse.

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Com o prazo vencido, Trump declarou no último sábado, dia 29, que o espaço aéreo da Venezuela estava fechado. A tensão entre os países segue.

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Fonte: Portal Terra
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