O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou, nesta terça-feira (5), que Israel precisa "derrotar completamente o Hamas para garantir a libertação dos reféns". A declaração foi feita antes de uma reunião do gabinete de segurança, que deve definir uma nova fase da ofensiva militar na Faixa de Gaza. Paralelamente, o governo israelense autorizou a entrada parcial de mercadorias do setor privado, permitindo o início de uma reativação da economia no enclave palestino sitiado e ameaçado pela fome.
A reunião do gabinete de segurança, ainda não confirmada oficialmente, terá a presença dos ministros da Defesa e de Assuntos Estratégicos, além do chefe do Estado-Maior das Forças Armadas. Ela acontece no mesmo dia em que o Conselho de Segurança da ONU realiza uma sessão dedicada à questão dos reféns israelenses em Gaza, por iniciativa de Israel.
A imprensa israelense aponta que Netanyahu pretende ampliar os combates para áreas do território palestino onde reféns podem estar sendo mantidos, inclusive em campos de refugiados.
"É necessário derrotar completamente o inimigo em Gaza, libertar todos os nossos reféns e garantir que Gaza não represente mais uma ameaça para Israel. Não abrimos mão de nenhuma dessas missões", declarou o premiê durante uma visita a uma base militar, antes de presidir a reunião do gabinete de segurança.
Divisões internas
O ministro da Defesa, Israel Katz, reforçou que todas as medidas necessárias serão tomadas para derrotar o Hamas, mesmo diante de possíveis divergências internas no comando militar.
A imprensa israelense especula sobre uma possível oposição do chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, o tenente-general Eyal Zamir, à nova estratégia de ocupar integralmente a Faixa de Gaza. O correspondente da RFI em Israel, Henry Galsky, informa que o comandante do Exército de Israel é a principal voz de oposição ao plano e cancelou a viagem que faria aos Estados Unidos para participar da reunião. Eyal Zamir teme que o novo projeto de tomada integral do território palestino coloque em risco os reféns e os soldados israelenses.
O governo israelense enfrenta crescente pressão para encontrar uma saída para o conflito, iniciado após o ataque sem precedentes do grupo radical palestino a Israel, em 7 de outubro de 2023. A opinião pública israelense está alarmada com a situação dos 49 reféns, dos quais 27 foram declarados mortos pelo exército, que ainda estão nas mãos do Hamas.
O movimento palestino afirma estar disposto a retomar as negociações para encerrar o conflito e a crise humanitária. No entanto, segundo o dirigente palestino Hossam Badran, ainda não há novas propostas concretas que levem a um cessar-fogo.
Entrada de mercadorias
No cenário internacional, aumentam as críticas diante do sofrimento de mais de dois milhões de palestinos confinados em um território devastado e ameaçado de "fome generalizada", segundo a ONU.
O governo israelense flexibilizou o bloqueio a Gaza e autorizou a entrada parcial de mercadorias para o setor privado. A decisão permite o início da reativação da economia no enclave palestino.
O objetivo é reduzir a dependência da ajuda humanitária. O anúncio foi feito pelo Ministério da Defesa israelense, que aprovou um número limitado de comerciantes locais, sujeitos a diversos critérios e a uma rigorosa verificação de segurança.
Segundo o Cogat, órgão do Ministério da Defesa responsável pela administração civil em Gaza, produtos básicos como alimentos para bebês, frutas, legumes e itens de higiene poderão ser comercializados sob rígido controle de segurança. Inicialmente, o pagamento das transações será feito apenas por transferência bancária.
Enquanto isso, a guerra continua. A Defesa Civil de Gaza informou que 26 pessoas foram mortas desde o início do dia em bombardeios e ataques israelenses.
Desde o início da guerra, em 7 de outubro de 2023, mais de 61 mil palestinos foram mortos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde do Hamas. Do lado israelense, o ataque inicial do Hamas causou 1.219 mortes, a maioria civis.
(RFI com AFP)