Emmanuelle Chaze, correspondente da RFI em Kiev
Segundo as autoridades, mais de 12,4 mil crianças ainda permaneciam na parte da região de Donetsk, ainda controlada por Kiev. Mas, por conta da guerra e do anúncio de evacuação, o Natal, o quarto sob a sombra do conflito com a Rússia, foi sob tensão.
Yulia Ryshakova, chefe local dos serviços de proteção à infância, afirma que quase 800 crianças vivem em cidades que se tornaram perigosas demais para civis, incluindo Druzhkivka, perto de Kramatorsk. O município tinha mais de 154 mil habitantes antes de 2022, mas sua população está diminuindo devido ao avanço russo e à constante ameaça de bombardeios.
Crianças e jovens menores de 18 anos estão sendo evacuados junto com seus pais ou responsáveis legais pelos serviços de emergência ucranianos, com a ajuda de trabalhadores humanitários e militares. Essas retiradas são dificultadas pela onipresença de drones russos no céu. Depois de chegar aos centros de acolhimento, os menores são transferidos para regiões mais seguras.
Desde a invasão em larga escala da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022, mais de 1,2 milhão de pessoas fugiram das zonas de conflito, incluindo mais de 202 mil crianças. As que permaneceram estão crescendo em um ambiente degradado, sob constante ameaça de fogo russo e sem acesso à educação presencial.
Zelensky anuncia novo encontro com Trump
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou na sexta-feira (26) que irá se reunir com o chefe do executivo dos EUA, Donald Trump, como parte dos esforços para pôr fim ao conflito com a Rússia.
"Entramos em um acordo para uma reunião de alto nível com o presidente Trump", disse Zelensky em suas redes sociais. "Muitas coisas podem ser decididas antes do Ano Novo."
Horas depois, o gabinete da presidência ucraniana informou que o encontro ocorrerá no domingo, na Flórida (EUA). O anúncio ocorre após a última rodada de negociações entre Washington e Kiev, que resultou em um plano atualizado de 20 pontos para o fim da guerra, enviado a Moscou para revisão.
A nova versão da proposta apoiada por Trump prevê o congelamento das linhas de frente no combate e a remoção da exigência de que a Ucrânia se retire oficialmente da sua participação na OTAN, disse Zelensky a jornalistas esta semana. Kiev não é membro da Aliança Atlântica.
No entanto, é improvável que Moscou abandone suas rígidas exigências territoriais, incluindo a de que a Ucrânia se retire completamente da região de Donbas, no leste do país.