Alexis Rosenzweig, correspondente da RFI em Praga, com agências
Babis, um bilionário de 71 anos que governou o país entre 2017 e 2021, foi oficialmente nomeado pelo presidente Petr Pavel. "Prometo a todos os cidadãos da República Tcheca defender seus interesses, tanto no nível nacional quanto no internacional", declarou o chefe do partido populista ANO durante a cerimônia de posse. Pavel pediu a Babis que "mantenha relações sólidas com a União Europeia e a Otan".
O novo chefe do governo, cuja legenda venceu as eleições legislativas de 3 e 4 de outubro, não conta com maioria suficiente para governar sozinho - 80 das 200 cadeiras. Ele assinou um acordo de coalizão com os partidos SPD (extrema direita, eurocético) e Voz dos Motoristas (direita) e prometeu anunciar sua equipe até 15 de dezembro. Durante os quatro anos passados na oposição, Babis se aproximou da extrema direita europeia, juntando-se ao grupo Patriotas para a Europa no Parlamento Europeu.
O novo premiê, que fez campanha com a promessa de aumentar os benefícios sociais e reduzir a ajuda à Ucrânia para priorizar os tchecos, defendeu sua lealdade à União Europeia após as eleições. Contudo, seu retorno ao poder pode implicar uma mudança em relação a Bruxelas e uma aproximação da Hungria e da Eslováquia, que rejeitaram qualquer ajuda militar à Ucrânia e dificultaram as sanções contra a Rússia.
Mas Babis continua sendo mais pragmático do que ideólogo, e ainda existem em Praga obstáculos relativamente influentes: o Senado, onde a coalizão governamental não terá maioria, e sobretudo o chefe de Estado, Petr Pavel, ex-dirigente da Otan, que defende o bloco europeu e a aliança internacional.
Trumpista e contrário à imigração
Autoproclamado "trumpista", Babis não esconde certo gosto pela provocação, exibindo durante a campanha um boné vermelho como seu ídolo norte-americano. Ele declarou querer "defender os interesses tchecos nos níveis nacional e internacional" e espera que seu gabinete seja nomeado a tempo para permitir sua participação na cúpula dos líderes da UE nos dias 18 e 19 de dezembro.
"Nós proporemos à UE resolver outros problemas, não apenas a ajuda à Ucrânia, mas também as questões ligadas à energia, ao imposto sobre valor agregado e aos problemas tarifários", disse. "A UE se preocupa demais com as despesas e muito pouco com as receitas".
O bilionário é um feroz crítico das instituições europeias e se comprometeu a rejeitar as políticas migratórias do bloco. Ele também se opõe ao projeto de estender os pagamentos pelas emissões de carbono ao aquecimento doméstico e aos combustíveis automotivos.
Problemas com a Justiça
O empresário é alvo de processos por ter recebido uma subvenção de € 2 milhões da UE para contribuir com a construção de um centro de conferências nos arredores de Praga, que a Justiça considera fraudulenta.
Ele devolveu a quantia e nega qualquer irregularidade. Um tribunal de apelação anulou sua absolvição nesse caso e ordenou um novo julgamento. Andrej Babis pode evitar uma nova ação se o Parlamento, controlado por seus aliados, votar contra a retirada de sua imunidade.