A inauguração do teleférico atraiu muitos moradores e curiosos. "É como estar em uma estação de esqui!", brincou Ibrahim Bamba, 20 anos, estudante de técnico em obras públicas que mora em Limeil-Brévannes. A cidade, onde ocorreu a cerimônia na manhã deste sábado, é um dos quatro municípios beneficiados pelo Câble 1 (Cabo 1 ou C1).
"São os Alpes no Val-de-Marne!", concordou Valérie Pécresse, presidente da região Île-de-France (nome oficial da região parisiense), Em seu discurso, ela disse que a inauguração é "o fim de um percurso de 10 anos. Foi preciso encontrar financiamento, convencer os moradores". Segundo Pécresse, o C1 é "um sinal de consideração" para os habitantes da região.
O teleférico é operado pela empresa Transdev. Ele conecta, em apenas 18 minutos — contra cerca de 40 minutos atualmente de ônibus ou carro — a estação Pointe-du-Lac, em Créteil, à Villa-Nova, em Villeneuve-Saint-Georges, passando por Limeil-Brévannes e Valenton. Ele ligar bairros isolados dessas cidades à linha 8 do metrô parisiense, facilitando a mobilidade urbana.
Custo de € 138 milhões
Com custo de € 138 milhões (cerca de R$ 878 milhões), financiado em 49% pela região, 30% pelo departamento e 21% pelo Estado e União Europeia, o C1 pode transportar até 11 mil passageiros por dia em seus 4,5 km de extensão, segundo a Île-de-France Mobilités, a empresa de transporte da região.
As autoridades garantem que um metrô subterrâneo nessa área, cortada por rodovias e ferrovias, seria inviável devido ao seu alto custo. "O orçamento de mais de um bilhão de euros seria impossível de financiar", explicou Grégoire de Lasteyrie, vice-presidente do conselho regional e responsável pelo setor de transportes.
O C1 é o quinto teleférico urbano da França, depois dos de Brest (oeste), Saint-Denis (na ilha de La Réunion), Toulouse (sul) e Ajaccio (na ilha da Corséga). O país possui ainda dois outros teleféricos em Grenoble e Toulon, mas nessas cidades os sistemas de transporte por cabo são voltados principalmente para turismo.
Mobilidade
"Penso nos estudantes que poderão usar o teleférico para ir à universidade (...). Mostramos que somos um departamento que se preocupa com os esquecidos", afirmou Louis Boyard, deputado do Val-de-Marne, que participou da inauguração.
Segundo Metin Yavuz, prefeito de Valenton, cidade com 16 mil habitantes a cerca de 10 km de Paris, o teleférico é uma solução para superar as "barreiras urbanas" em um território "carente de transporte público".
Aberto todos os dias das 05h30 às 23h30 (até 00h30 aos sábados e domingos), a frequência do C1 é de uma cabine a cada 22 a 30 segundos. Cada cabine tem capacidade para 10 passageiros sentados, além de cadeiras de rodas, bicicletas e carrinhos de bebê. Há câmeras de vigilância e botões de emergência, além da presença de funcionários em todas as estações.
Ao contrário do teleférico da Previdência no Rio de Janeiro, que é gratuito, na região parisiense o serviço é pago. Para usar o C1, é preciso ter o vale transporte Navigo (€ 88,80 por mês) ou um bilhete "ônibus-tramway" (€ 2 cada).
"É um grande avanço. As estradas estão sempre congestionadas pela manhã", diz Salimatou Bah, 52 anos, moradora de Limeil-Brévannes há 13 anos. Ela pensou que "que as pessoas ficariam receosas", mas acha que com o tempo elas 'vão se adaptar".
"A segurança é nossa prioridade", garante Edouard Hénaut, diretor-geral da Transdev na França. "Temos um sistema de monitoramento e verificamos diariamente as condições do vento para operar com segurança". Em caso de ventos acima de 90 km/h, o teleférico será fechado.
Segundo o serviço técnico do Ministério dos Transportes, teleféricos são considerados um dos meios de transporte mais seguros do mundo, com inspeções diárias obrigatórias. Na França, o último acidente fatal ocorreu em 1999, nos Alpes Franceses, quando 20 pessoas morreram.
(Com AFP)