'Por 30 segundos', fuga dos ladrões do Louvre poderia ter sido evitada, aponta relatório

O roubo milionário ao Louvre em outubro continua repercutindo na França, que tenta esclarecer eventuais falhas cometidas. Nesta quarta-feira (10), durante uma sessão no Senado, Noël Corbin, responsável pela investigação administrativa sobre a segurança do museu parisiense, afirmou que a fuga dos ladrões poderia ter sido evitada se a presença deles tivesse sido detectada 30 segundos antes.

10 dez 2025 - 14h42

"Por 30 segundos, os agentes da Securitas (empresa de segurança privada) ou a polícia poderiam ter impedido a fuga dos ladrões", disse Corbin, ao divulgar o novo relatório à Comissão de Cultura do Senado. Diante desta conclusão, a ministra da Cultura, Rachida Dati, avalia que os riscos de invasão e de roubo à instituição foram "subestimados de forma crônica".

O outro relator da investigação, Pascal Mignerey, enfatizou que uma câmera externa "filmou claramente a chegada dos ladrões, a montagem da plataforma, a subida dos dois ladrões à varanda e, alguns minutos depois, sua fuga apressada".

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Mas essas imagens não foram visualizadas ao vivo e, quando um segurança as ativou, "já era tarde demais, pois os ladrões já haviam deixado a Galeria Apollo", onde as Joias da Coroa estavam em exibição, segundo Corbin.

Ele também enfatizou que os autores da investigação — encomendada pelo ministro da Cultura para esclarecer as falhas do museu — ficaram "muito surpresos" com "o problema na transmissão das auditorias de segurança" dentro do museu, particularmente durante a mudança de presidência em 2021.

Um símbolo dessa "lacuna" foi uma auditoria realizada em 2019 pela joalheria Van Cleef & Arpels, que identificou todas as fragilidades da Galeria Apollo, por onde os criminosos entraram, mas que não foi compartilhada com a nova administração.

Em novembro, um relatório também já havia apontado que o roubo poderia ter sido evitado caso a direção da instituição tivesse dado atenção a uma avaliação de segurança feita oito anos antes, que apontava a galeria como um dos pontos vulneráveis.

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"Decisões que não foram tomadas"

Em seu discurso de abertura nas audiências desta quarta-feira no Senado, o presidente da comissão, Laurent Lafon, afirmou que o crime "não foi uma falha acidental". Na sua avaliação, as circunstâncias ilustram "a falha geral do museu e de sua tutela em levar em consideração as questões de segurança".

Segundo ele, o roubo "não é fruto de uma série de eventos infelizes, mas sim de decisões que não foram tomadas para garantir a segurança", embora as fragilidades "tenham sido todas identificadas por diversos estudos anteriores com conclusões em grande parte consistentes".

As audiências no Senado, que continuarão na próxima semana, ocorrem em um momento de dificuldades contínuas para o museu, o mais visitado do mundo, fundado durante a Revolução Francesa.

Após o roubo cinematográfico em 19 de outubro, o Louvre teve que fechar uma de suas galerias no mês passado devido aos danos. Na ocasião, foram levadas oito joias do século 19, avaliadas em € 88 milhões.

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O museu também enfrenta uma greve de seus funcionários, desde segunda-feira (8), exigindo a criação de novos cargos e a priorização dos reparos mais urgentes.

Com AFP

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