Os Estados Unidos apreenderam um navio petroleiro perto da Venezuela, disse o presidente americano Donald Trump nesta quarta-feira (10/12).
"Como vocês provavelmente sabem, acabamos de apreender um petroleiro na costa da Venezuela, um grande... o maior já apreendido, na verdade... vocês verão isso mais tarde e conversaremos sobre isso com outras pessoas", disse Trump a jornalistas durante um evento na Casa Branca.
A procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi, publicou na rede social X um texto afirmando que seu país atacou a embarcação por conta de violações a sanções americanas ao petróleo venezuelano e iraniano.
De acordo com Bondi, a captura ocorreu na costa da Venezuela e foi executada pelo FBI (polícia federal americana), a Guarda Costeira dos EUA e o Departamento de Segurança Interna.
A procuradora acusou a embarcação de fazer parte de "uma rede ilícita de transporte de petróleo" que apoia "organizações terroristas estrangeiras".
Bondi divulgou um vídeo de 45 segundos que mostra um helicóptero se aproximando do navio. Homens fortemente armados descem do helicóptero através de cordas e entram nas áreas internas da embarcação.
"Esta apreensão, concluída na costa da Venezuela, foi realizada de forma segura e protegida — e nossa investigação, em conjunto com o Departamento de Segurança Interna para impedir o transporte de petróleo sancionado, continua", escreveu Bondi.
Em nota, o governo venezuelano de Nicolás Maduro acusou os EUA de "abusos imperialistas", "roubo" e "pirataria internacional" após a apreensão.
Caracas alegou que a "política de agressão" contra a Venezuela faz parte de um "plano deliberado para saquear nossos recursos energéticos".
A empresa de gestão de riscos marítimos Vanguard Tech identificou o petroleiro como "SKIPPER".
"A embarcação faz parte de uma frota clandestina e foi alvo de sanções dos Estados Unidos por transportar petróleo venezuelano para exportação", afirmou a empresa.
Para a Vanguard, a última localização do navio antes da apreensão pelos EUA foi a nordeste de Caracas, capital da Venezuela.
A BBC Verify localizou o petroleiro na plataforma MarineTraffic, segundo a qual ele navegava sob a bandeira da Guiana quando sua posição foi atualizada pela última vez, há dois dias.
A ação ocorre em um momento em que os EUA vêm aumentando sua presença militar no Caribe — em uma movimentação que, segundo o governo americano, visa combater o narcotráfico.
Um militar de alto escalão disse à CBS News (parceira da BBC nos EUA) que a operação para apreender o petroleiro envolveu dois helicópteros, 10 membros da Guarda Costeira, 10 fuzileiros navais, além de forças especiais.
O secretário de Defesa, Pete Hegseth, estava ciente da operação para captura, e o governo Trump está considerando tomar mais medidas como essa, disse a fonte à CBS.
Preços do petróleo em alta
Os contratos futuros de petróleo subiram após a notícia da apreensão.
Os contratos futuros do petróleo do tipo Brent, referência para os mercados europeu e asiático, subiram 27 centavos, ou 0,4%, fechando a US$ 62,21 o barril.
Já os contratos futuros do petróleo bruto WTI, referência para os EUA, aumentaram 21 centavos, também 0,4%, fechando a US$ 58,46 o barril.
O governo Trump acusa Maduro — cuja reeleição no ano passado foi considerada fraudulenta por muitos países — de ser o líder de um cartel de drogas.
Maduro nega a alegação e vem acusando os EUA de tentarem incitar uma guerra para obter o controle das reservas de petróleo da Venezuela.
Desde que Trump assumiu seu segundo mandato em janeiro, o governo dos EUA tem intensificado a pressão sobre Maduro.
O primeiro ato do presidente sobre a Venezuela, em fevereiro, foi designar organizações criminosas do país como grupos terroristas.
Isso abriu caminho para deportações nos EUA de dezenas de venezuelanos, acusados pelo governo americano de integrarem esses grupos.
Depois, as deportações acabaram suspensas por uma decisão da Justiça americana.
Em agosto, o governo americano dobrou a recompensa oferecida por informações que levem à captura de Maduro para US$ 50 milhões (R$ 274 milhões) e lançou uma operação de combate ao narcotráfico visando embarcações acusadas de transportar drogas da Venezuela para os EUA.
Mais de 80 pessoas já foram mortas nos ataques americanos a embarcações suspeitas desde então, a maioria no Caribe, além de algumas no Pacífico.
Segundo o secretário Pete Hegseth, o objetivo da "Operação Lança do Sul" é remover "narcoterroristas" do Hemisfério Ocidental.
Mas especialistas jurídicos questionam a legalidade dos ataques, apontando que os EUA não apresentaram provas de que as embarcações transportavam drogas.
Mais recentemente, houve relatos de conversas telefônicas entre Trump e Maduro — com um ultimato do governo americano para que o venezuelano deixe o país.
O presidente americano afirmou nesta quarta-feira que a última vez que falou com Maduro foi em novembro.
Os EUA também autorizaram operações especiais da agência de inteligência CIA na Venezuela e ameaçaram realizar uma ação terrestre no país.
No final de novembro, o governo americano fechou o espaço aéreo venezuelano.
Cidadãos americanos receberam a recomendação de não visitar a Venezuela ou deixar o país, caso estejam lá.