Claudio Manuel Neves Valente, português suspeito de ataque a tiros na Universidade Brown e assassino de um professor do MIT, foi encontrado morto nos EUA; evento leva à suspensão do programa DV1 de vistos.
O homem apontado como autor do ataque a tiros que deixou dois estudantes mortos e nove feridos na Universidade Brown, no estado norte-americano de Rhode Island, foi encontrado morto na noite de quinta-feira (18), segundo a polícia de Providence. O chefe da corporação, Oscar Perez, afirmou que o suspeito, o português Claudio Manuel Neves Valente, 48 anos, se suicidou. Valente é também suspeito de assassinar o físico Nuno Loureiro, professor do MIT, dois dias antes, em Boston.
Segundo as autoridades, Valente tirou a própria vida quando agentes se aproximavam de um contêiner de armazenamento em Salem, no estado de New Hampshire, onde ele havia se escondido.
De acordo com a imprensa portuguesa, a identificação de Valente como autor dos dois crimes foi confirmada por autoridades estaduais e federais, incluindo o FBI e o Ministério Público de Massachusetts. A ligação entre os casos - inicialmente tratada com cautela - tornou-se evidente após a análise de imagens de vigilância, registros financeiros e dados de deslocamento do suspeito.
Segundo a Universidade Brown e veículos portugueses, Valente estudou física na universidade entre 2000 e 2003, matriculado em programas de mestrado e doutorado. Embora não tenha concluído o curso nem mantivesse vínculo atual com a instituição, ele frequentou majoritariamente disciplinas no prédio de engenharia e física - o mesmo onde abriu fogo no sábado, durante um período de provas.
A familiaridade com o edifício, segundo investigadores, pode ter contribuído para a escolha do local e para a rapidez com que o atirador se movimentou antes de fugir.
Governo Trump suspende programa de vistos
A secretária de Segurança Interna dos EUA, Kristi Noem, afirmou que o atirador "nunca deveria ter sido autorizado a entrar no país" e que o programa DV1 - conhecido como "loteria de vistos", um sistema de cotas a partir de critérios de "diversidade" atribuída a este tipo de documento - será interrompido até nova ordem. A decisão foi tomada por orientação direta do presidente Donald Trump, segundo a própria secretária.
O DV1 concede anualmente até 50 mil autorizações de residência a estrangeiros de países com baixa taxa de imigração para os EUA. Para participar, é preciso ter ensino médio completo ou experiência profissional equivalente, além de passar por entrevista e checagens de segurança. Milhões de pessoas se inscrevem todos os anos.
A suspensão ocorre oito anos depois de Trump ter tentado extinguir o programa, em 2017, após um ataque terrorista em Nova York cometido por um imigrante que também havia entrado pelo DV1.
A caçada: placas trocadas e um informante decisivo
A investigação avançou a partir da análise de vídeos de segurança que mostravam um homem mascarado circulando pelo campus e um veículo suspeito - um Nissan Sentra cinza, alugado em Boston em 1º de dezembro. O carro foi visto repetidas vezes nas imediações da Brown University entre os dias 1º e 12 de dezembro, segundo autoridades citadas pela imprensa americana.
Menos de uma hora após a divulgação pública da foto do suspeito, um homem procurou espontaneamente a polícia de Providence afirmando ter informações cruciais. Seu depoimento, segundo o chefe Oscar Perez, "abriu o caso", confirmando a identidade de Valente e sua presença no local do ataque.
Com o apoio de sistemas de leitura automática de placas, os investigadores localizaram o veículo em Massachusetts e obtiveram o contrato de aluguel assinado com o nome real do suspeito. As imagens coincidiam com a descrição do atirador, incluindo roupas e uma mala específica.
Valente tentou dificultar o rastreamento: trocou as placas originais da Flórida por placas não registradas do Maine e usou um telefone difícil de localizar. Ainda assim, a polícia conseguiu mapear seus deslocamentos, incluindo estadias em hotéis e o aluguel de um armazém em Salem, em novembro - o mesmo onde seria encontrado morto.
Impacto
O ataque em Brown matou os estudantes Ella Cook e Mukhammad Aziz Umurzokov e deixou nove feridos. A presidente da universidade afirmou que a comunidade está "em choque profundo" e que a instituição inicia agora "um processo de reconstrução e cura".
No MIT, a morte de Nuno Loureiro abalou o corpo docente. O professor, que lecionava no instituto desde 2016, era referência em física de plasmas e engenharia nuclear.
Com agências