Os jornais franceses desta segunda-feira (1°) analisam a Cúpula da Organização de Cooperação de Xangai, um fórum regional sobre a Ásia Central, que acontece na cidade portuária de Tianjin, no norte da China, reunindo chefes de Estado e de governo de cerca de vinte países e observadores internacionais.
Na abertura do encontro, que visa colocar a China no centro da competição estratégica, o presidente chinês Xi Jinping denunciou a "mentalidade da Guerra Fria" e "atos de intimidação", em uma referência clara aos Estados Unidos.
Pequim defendeu um novo modelo de multilateralismo, o "espírito de Xangai", em um período de tensões geoestratégicas e comerciais. Ele também defendeu o sistema das Nações Unidas e a Organização Mundial do Comércio.
Entre os participantes estão o presidente iraniano Massoud Pezeshkian, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, o bielorrusso Alexander Lukashenko, o líder norte-coreano Kim Jong-un, os primeiros-ministros da Índia, Narendra Modi, e do Paquistão Shehbaz Sharif, assim como o presidente russo Vladimir Putin, que defendeu a sua ofensiva na Ucrânia.
Putin justificou a guerra, que segundo ele ocorreu depois de um golpe de Estado em Kiev, apoiado e provocado pelos países ocidentais. O líder russo também culpou os constantes esforços para arrastar a Ucrânia para a Otan
Putin e Xi Jinping se revezaram nos ataques contundentes aos Estados Unidos e ao Ocidente. Para Pequim, a cúpula tem como objetivo promover uma governança global alternativa em uma era conturbada.
Contexto incerto
O jornal Le Monde destaca o descontentamento da Índia, depois que o presidente americano aplicou taxas alfandegárias elevadas ao país devido às suas compras de petróleo de Moscou. Em um contexto que se tornou incerto, a China pretender ser um polo de estabilidade, continua o diário.
O jornal econômico Les Echos pergunta se a imposição de elevadas tarifas aduaneiras pelos Estados Unidos a diversos países poderá, finalmente, fortalecer a China.
O diário cita o caso da Índia, aliada histórica dos Estados Unidos na região, cujo primeiro-ministro viajou à Tianjin na tentativa de diminuir as tensões com o presidente Xi Jinping.
Para o jornal Le Figaro, a cúpula demonstra uma "outra globalização" da qual Pequim tenta se impor como pivô.
Os países da Organização de Cooperação de Xangai representam quase metade da população mundial e 23,5% do PIB do planeta.
A cúpula terminará com um grande desfile militar na quarta-feira (3), comemorando o 80º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial e da rendição japonesa.