De Serra ao papa: como críticas a Trump puseram autoridades mundiais em 'saia justa'

10 nov 2016 - 17h47
(atualizado às 18h12)

A surpreendente vitória de Donald Trump na eleição presidencial americana criou uma situação desconfortável para diversas autoridades mundiais que, durante a campanha fizeram duras críticas ao então candidato republicano.

Isso porque, mesmo antes de se mudar para a Casa Branca - a posse será apenas em janeiro -, Trump já forçou uma moderação nos pronunciamentos de quem antes batera pesado nele.

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Uma galeria que vai do Papa Francisco ao ministro brasileiro das Relações Exteriores, José Serra. E que se viu de mãos atadas por causa do protocolo.

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Confira abaixo algumas das guinadas no discurso:

Papa Francisco

O papa é uma das autoridades que criticou Trump duramente e que agora precisará "engoli-lo"
O papa é uma das autoridades que criticou Trump duramente e que agora precisará "engoli-lo"
Foto: EFE

Antes: Em fevereiro, durante uma visita ao México, o pontífice foi taxativo ao comentar a repercussão dos ataques de Trump a imigrantes latinos, sobretudo os mexicanos, o que incluiu a proposta de construir um muro na fronteira com o país.

Francisco questionou a fé de Trump ao dizer que "uma pessoa que pensa apenas em construir muros em vez de pontes não é cristã".

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Agora: Pelo Twitter, o papa, por meio de um de seus porta-vozes, felicitou Trump pela vitória e disse desejar que ele faça um governo "verdadeiramente produtivo".

Boris Johnson, ministro britânico das Relações Exteriores

Boris Johnson precisou morder a língua para saudar vitória de Trump
Foto: EFE

Antes: Há um ano, quando ainda era deputado federal e não tinha se transformado no principal cabo eleitoral do "Brexit" - a saída do Reino Unido da União Europeia - Johnson reagiu com sarcasmo afiado quando o bilionário, dias depois dos ataques que mataram mais de 100 pessoas em Paris, defendeu uma moratória da imigração muçulmana para os EUA.

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Até porque, em seu pronunciamento, Trump afirmou que áreas de Londres "tinham se tornado perigosas demais por causa dos muçulmanos" - Johnson foi duas vezes prefeito da capital britânica.

"A única razão pelo qual não vou a algumas partes de Nova York é que posso encontrar Donald Trump."

Agora: Além de uma mensagem de congratulações, o hoje chanceler britânico disse estar "aguardando com expectativas a oportunidade de trabalhar com ele (Trump)".

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François Hollande, presidente da França

Hollande disse que declarações de Trump geram ânsia de vômito até em americanos
Foto: EFE

Antes: Durante uma entrevista coletiva em agosto, em Paris, Hollande disse que a oratória de Trump "fazia até americanos terem vontade de vomitar".

Agora: "Saúdo-o, como é natural que dois chefes de nações democráticas o façam".

Matteo Renzi, primeiro-ministro da Itália

"Trump representa a política do medo", disse o premiê italiano no mês passado, quando visitou Washington.
Foto: EFE

Antes: Renzi foi um dos poucos líderes mundiais que tomaram partido publicamente em relação à corrida presidencial nos EUA - apoiou a candidatura de Hillary Clinton.

"Trump representa a política do medo. A política não é apenas uma questão de gritar e criar divisões", disse o premiê no mês passado, quando visitou Washington.

Agora: "Desejo-lhe sucesso. A amizade entre Itália e Estados Unidos é sólida."

Donald Tusk, presidente do Conselho da União Europeia

O polonês fez piada com o xará. "Um Donald já é mais do que suficiente"
Foto: EFE

Antes: O polonês, que chefia a principal instância de decisão da UE, fez piada com o xará. "Um Donald já é mais do que suficiente."

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Depois: "Minhas congratulações sinceras. É mais importante do que nunca fortalecermos as relações transatlânticas (entre a UE e os EUA)."

José Serra, ministro brasileiro das Relações Exteriores

José Serra chegou a torcer publicamente por Hillary
Foto: Miguel Ângelo/ Fotos Públicas

Antes: "Todos os que querem o bem do mundo devem apoiar a Hillary. A vitória de Trump seria um pesadelo." Foi o que chanceler brasileiro disse em junho, em uma entrevista ao jornal Correio Braziliense.

Agora: "A gente só tem pesadelo dormindo. Agora, tendo resultado da eleição, num sistema democrático, vamos olhar os interesses do nosso país. Acreditamos que, de ambos os lados, prevalecerá a determinação de reforçar relações entre Brasil e Estados Unidos."

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