Como guerra entre Israel e Irã afeta poder e planos da Rússia

Quanto mais tempo durar a operação militar de Israel, maior será a percepção de que a Rússia tem muito a perder.

18 jun 2025 - 06h41
Embora Moscou tenha enaltecido sua parceria com o Irã, o acordo não exige que a Rússia ajude militarmente Teerã
Embora Moscou tenha enaltecido sua parceria com o Irã, o acordo não exige que a Rússia ajude militarmente Teerã
Foto: AFP via Getty Images / BBC News Brasil

Quando Israel lançou a Operação Leão Crescente, autoridades russas descreveram a atual escalada no Oriente Médio como "alarmante" e "perigosa".

Ainda assim, a mídia russa foi rápida em enfatizar possíveis pontos positivos para Moscou.

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Entre eles, estavam:

No entanto, quanto mais tempo durar a operação militar de Israel, maior será a percepção de que a Rússia tem muito a perder com os atuais acontecimentos.

"A escalada do conflito traz sérios riscos e custos potenciais para Moscou", escreveu o cientista político russo Andrei Kortunov no jornal Kommersant na segunda-feira (16/6).

"O fato é que a Rússia não conseguiu impedir um ataque em massa de Israel contra um país com o qual [a Rússia] assinou uma parceria estratégica abrangente há cinco meses."

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"Claramente, Moscou não está preparada para ir além de declarações políticas condenando Israel, nem está pronta para fornecer ajuda militar ao Irã."

O acordo de parceria estratégica assinado pelo presidente russo, Vladimir Putin, e pelo presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, no início deste ano, não é uma aliança militar.

Ele não obriga Moscou a sair em defesa de Teerã.

Na época, no entanto, Moscou enalteceu o acordo.

Em entrevista à agência de notícias Ria Novosti, o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, observou que o acordo dava "atenção especial ao fortalecimento da coordenação em prol da paz e da segurança a nível regional e global, e ao desejo de Moscou e Teerã de estreitar a cooperação em segurança e defesa".

A Rússia dependeu fortemente nos drones Shahed do Irã em sua guerra na Ucrânia, mas agora os fabrica localmente
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Nos últimos seis meses, Moscou já perdeu um importante aliado no Oriente Médio, Bashar al-Assad.

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Após a deposição do líder sírio em dezembro do ano passado, ele recebeu asilo na Rússia. A perspectiva de mudança de regime no Irã e a simples ideia de perder outro parceiro estratégico na região vão ser motivo de grande preocupação para Moscou.

Ao comentar sobre os acontecimentos no Oriente Médio na terça-feira (17/6), o jornal Moskovsky Komsomolets concluiu: "Na política global, neste momento, estão ocorrendo grandes mudanças em tempo real, que vão afetar a vida em nosso país, direta ou indiretamente."

Vladimir Putin vai passar grande parte desta semana em São Petersburgo, onde acontece o Fórum Econômico Internacional da cidade, realizado anualmente.

O evento já foi chamado de "Davos da Rússia", mas o rótulo não se aplica mais.

Nos últimos anos, os CEOs de grandes empresas ocidentais têm mantido distância — especialmente desde a invasão em larga escala da Ucrânia pela Rússia.

No entanto, os organizadores afirmam que, neste ano, representantes de mais de 140 países e territórios vão estar presentes.

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É quase certo que autoridades russas vão usar o evento para tentar demonstrar que as tentativas de isolar a Rússia por causa da guerra na Ucrânia fracassaram.

Pode ser um fórum econômico, mas a geopolítica sempre está por perto.

Vamos observar de perto todos os comentários que o líder do Kremlin fizer sobre o Oriente Médio e a Ucrânia.

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