Chefe da Comissão Europeia enfrentará moção de desconfiança

2 jul 2025 - 19h17
(atualizado às 20h37)

Ultradireita reúne assinaturas para que moção vá à votação no Parlamento Europeu após suspeitas envolvendo compra de vacinas na pandemia. Chance de aprovação é mínima, mas se passar, Von der Leyen terá de renunciar.A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, enfrentará uma moção de desconfiança apresentada por membros ultradireitistas do Parlamento Europeu.

Moção de desconfiança diz respeito a conversas de Von der Leyen com CEO da Pfizer na pandemia, quando a UE negociava compra de vacinas
Moção de desconfiança diz respeito a conversas de Von der Leyen com CEO da Pfizer na pandemia, quando a UE negociava compra de vacinas
Foto: DW / Deutsche Welle

A moção entregue à sessão plenária do Parlamento Europeu nesta quarta-feira (02/07) atingiu o requisito mínimo de 72 assinaturas para definir uma data para a votação, que foi marcada para 10 de julho.

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Trata-se de um procedimento existente em muitos regimes parlamentaristas através do qual um grupo de legisladores exige uma votação para testar a confiança dos parlamentares na chefia de governo. Em caso de aprovação, a moção de desconfiança pode resultar na queda de um governo ou de um governante.

Em março deste ano, o então primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, e sua coalizão de centro-direita perderam um voto de confiança no Parlamento, seu governo foi dissolvido e novas eleições gerais foram convocadas.

Caso envolvendo compra de vacinas

Os eurodeputados debaterão a moção na próxima segunda-feira em Estrasburgo, antes da votação na quinta-feira da mesma semana.

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O autor da moção o eurodeputado romeno ultradireitista Gheorghe Piperea criticou a falta de transparência de Von der Leyen em relação às trocas de mensagens de texto com o CEO da Pfizer, Albert Bourla, durante a pandemia de covid-19, quando o bloco negociava a compra de vacinas ainda no primeiro mandado dela à frente da Comissão Europeia.

Uma reportagem recente do jornal americano The New York Times, sugeriu que o contato pessoal entre Von der Leyen e Bourla teria sido fundamental para garantir o acordo multibilionário da UE para a aquisição de vacinas durante a crise.

A troca de mensagens gerou reclamações de vários grupos antivacina. Piperea também acusou a Comissão Europeia de "interferência" na eleição presidencial da Romênia, que viu o nacionalista George Simion perder para o pró-europeu Nicusor Dan.

Chances mínimas de aprovação

No entanto, as chances de Von der Leyen perder o voto de desconfiança são mínimas. O próprio grupo político de Piperea, o Reformistas e Conservadores Europeus (ECR), já se distanciou da moção.

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"Não é uma iniciativa do nosso grupo", disse um porta-voz do ECR. Para que a moção seja aprovada, seria necessária maioria absoluta, ou seja, 361 dos 720 votos.

Mas, na hipótese de a moção ser bem-sucedida, a Comissão seria obrigada a renunciar como um todo, incluindo a presidente e todos os 26 comissários da UE. Embora a atual Comissão também seja liderada por Von der Leyen, após as eleições europeias de 2024, muitos dos comissários não são os mesmos que atuaram durante a pandemia do coronavírus.

rc (AFP, DPA)

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