Ao menos dois fortes novos tremores voltam a atingir o Chile

5 mar 2010 - 07h07
(atualizado às 11h04)
Francisco de Assis
Direto de Chillán

Pelo menos dois novos terremotos, com magnitudes entre 6,3 e 6,6 graus na Escala Richter, foram registrados pelo serviço de pesquisas geológicas dos EUA (USGS). O primeiro deles aconteceu às 6h19 desta sexta. O segundo, mais forte, foi sentido por volta das às 8h45. Os novos tremores aconteceram a cerca de 40 km de Concepción, na região de Bio Bio.

O Centro de Alertas de Tsunami do Pacífico, também administrado pelos EUA, não emitiu nenhum alerta de tsunami até o momento. O governo chileno ainda não divulgou se o tremor fez novas vítimas.

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Os tremores desta sexta foram sentidos em Chillán, que fica a mais de 100 km de Concepción e assustou as pessoas. "Foi um terremoto muito forte. A gente percebe quando o terremoto é forte pela intensidade e duração. Esse foi bem intenso. Tenho medo que tenhamos outros terremotos como o de sábado passado", disse a gerente hoteleira Marta Patricia, 47 anos.

Estas foram as réplicas mais fortes registradas depois do devastador terremoto do último sábado, que teve magnitude de 8,8 graus. Estima-se que as vítimas sejam mais de 800, entre mortos e desaparecidos.

Confusão com números

O novo tremor acontece em um momento especialmente complicado para o governo de Michelle Bachelet, que deixa a presidência na próxima semana. Ontem, ela decretou luto oficial de três dias pelas mortes na tragédia.

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"A presidente da República decretou no dia de hoje três dias de luto nacional, a contar da zero hora de domingo, 7 de março, em memória dos chilenos e chilenas falecidos", afirmou o subsecretário do Interior, Patricio Rosende.

Rosende leu ainda uma lista de 279 pessoas falecidas no terremoto que foram plenamente identificadas.

O subsecretário não afirmou se era uma revisão para baixo do balanço oficial de 802 mortos divulgado na quarta-feira e também não divulgou o número de falecidos que não foram identificados. Além disso, não anunciou a quantidade de pessoas consideradas desaparecidas.

Na quinta-feira, Bachelet afirmou que, entre os quase 600 mortos anunciados para a região de Maule, há 200 pessoas que na realidade estão desaparecidas.

Ban chega hoje

Nesta sexta-feira o Chile recebe o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que no sábado visitará a região do desastre. Bachelet verificou na quinta-feira a distribuição da ajuda em Concepción e Talca, as capitais das regiões mais afetadas.

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A presidente citou pela primeira vez a reconstrução do país, que segundo ela vai levar pelo menos três anos, o que significa quase todo o mandato do presidente eleito Sebastián Piñera, que assume o poder no dia 11 de março.

Além disso, afirmou que, apesar do Chile dispor de recursos para um certo número de ações, o país terá que recorrer a créditos do Banco Mundial e de outras instituições.

Em Concepción (500 km ao sul de Santiago), que ainda está sob toque de recolher em consequência dos saques e vandalismo após o terremoto e o tsunami, as pessoas ainda protegem as casas por conta própria, apesar da presença de 14 mil soldados nas áreas de desastre.

Tragédia no Chile

Centenas de pessoas morreram após o terremoto de 8,8 graus na escala Richter registrado na madrugada de sábado (27) no Chile. A contagem de corpos passa de 800, e o número de afetados chega a 2 milhões, segundo o governo. A presidente Michelle Bachelet declarou "estado de catástrofe" no país.

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O tremor teve epicentro no mar, a 59,4 km de profundidade, na região de Maule, no centro do país e a 300 km ao sul da capital, Santiago. Por isso, foi enviado um alerta de tsunami ao chile, Peru e Equador. Segundo fontes oficiais, o terremoto aconteceu às 3h26 pelo horário local (mesmo horário em Brasília). O número de vítimas mortais e de feridos pode aumentar.

Efeitos do estrago

Os danos materiais do terremoto ainda estão sendo avaliados. O muro de uma prisão veio abaixo com o abalo sísmico, o que causou a fuga de mais de 200 detentos na cidade de Chillán, a 401 quilômetros de Santiago. O aeroporto internacional de Santiago chegou a ser fechado devido a alguns danos em suas instalações, e várias pontes ficaram danificadas.

A luz e o serviço de telecomunicações estão cortadas na região metropolitana e em Valparaíso foram registrados danos internos em edifícios. Os bombeiros correm as ruas de Santiago com megafones dando instruções à população.

Em alguns lugares, falta água potável. Pelo menos três hospitais na capital desabaram e na cidade de Concepción, cerca de 400 km ao sul de Santiago, o edifício do governo local desmoronou e pacientes estavam sendo transferidos dos hospitais, segundo rádios chilenas.

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Mais forte que no Haiti

O movimento sísmico, muito mais poderoso que o mortífero terremoto que devastou o Haiti em janeiro, também causou pânico no popular balneário de Viña del Mar. De manhã, policiais e bombeiros percorriam as ruas em distintas cidades do país para verificar a magnitude dos danos e socorrer vítimas.

O terremoto ocorreu poucos dias antes de completar 25 anos do sismo que causou centenas de vítimas e destruiu várias localidades no litoral central do Chile, em 3 de março de 1985.

Com informações da Reuters, EFE e 20 minutos.es

Fonte: Redação Terra
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