O governo brasileiro deu o primeiro passo concreto para redesenhar sua matriz energética e reduzir a dependência global de combustíveis poluentes. A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, confirmou a elaboração de um guia estratégico que servirá como base para o "mapa do caminho" rumo à descarbonização do país. Segundo o site Agência Brasil, uma minuta técnica está sendo finalizada para ser apresentada ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) logo no início de 2026.
Este documento é fruto de uma determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, anunciada durante a COP30, em Belém. Um despacho presidencial estabeleceu o prazo de 60 dias para que as diretrizes fundamentais fossem traçadas, incluindo não apenas a rota tecnológica, mas também os mecanismos financeiros para viabilizar essa mudança. Um dos pontos centrais é a criação de um fundo para a transição energética justa, que deve ser abastecido com recursos oriundos das receitas públicas da exploração de petróleo da União.
Marina Silva
Marina Silva comparou a complexidade deste plano ao esforço realizado para conter o desmatamento ilegal. A ministra destacou que o processo exige um diálogo profundo com o setor privado, a comunidade científica e agências internacionais, bebendo das melhores práticas globais. Para ela, o sucesso obtido na Amazônia — onde a destruição da floresta já recuou 50% — serve como prova de que o planejamento rigoroso e a vontade política podem gerar resultados concretos e rápidos.
O objetivo final deste esforço nacional é o cumprimento dos tratados internacionais que preveem a neutralidade das emissões de gases de efeito estufa até 2050. Para alcançar o chamado "Net Zero", o Brasil precisará combinar a substituição dos combustíveis fósseis com uma robusta política de reflorestamento, capaz de capturar as emissões remanescentes. A ministra reforçou que o caminho é inevitável, pois a ciência alerta que não está em jogo apenas a economia, mas as próprias condições que permitem a vida no planeta.