'Lugares Mais Incríveis Para Trabalhar': Desenvolver quem já está na equipe é aposta no futuro

Empresas premiadas investem no desenvolvimento de quem já faz parte do time para enfrentar os desafios do mercado

7 nov 2025 - 05h41

A consultoria Mercer ouviu 200 empresas de diversos setores e partes do mundo para investigar quais são as habilidades que os profissionais precisarão ter no mercado de trabalho daqui a dez anos. O topo do pódio ficou com as habilidades relacionadas à fluência tecnológica e à inovação, seguidas de perto pelas habilidades socioemocionais, com destaque para resiliência, tolerância ao estresse e flexibilidade.

Nesse cenário, um desafio que se apresenta à gestão de pessoas é a formação de profissionais com as características desejadas, já que o aprimoramento constante e a requalificação profissional serão cada vez mais vistos como processos fundamentais para o bom desempenho das empresas. O futuro vislumbrado parece reforçar o entendimento de que vale a pena apostar nas "pratas da casa" - aqueles colaboradores que começam em cargos mais básicos do organograma e crescem conforme vão se preparando para as oportunidades que surgem ao longo do caminho.

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Na Renner, universidade corporativa reforça a cultura de aprendizado
Na Renner, universidade corporativa reforça a cultura de aprendizado
Foto: Renner/Divulgação / Estadão

Em geral, os Lugares Incríveis para Trabalhar valorizam vínculos de longo prazo com os colaboradores, dando prioridade ao recrutamento interno quando precisam preencher uma vaga de gestor e só recorrendo ao mercado externo quando não identificam alguém no time em condições de assumir a missão.

Desenvolvimento interno

O Instituto de Pesquisas Eldorado - organização civil sem fins lucrativos, que atende a demanda de empresas por pesquisa, desenvolvimento, serviços e capacitação em tecnologias da informação e comunicação - tem investido para que a "prata da casa" esteja pronta para acessar as oportunidades que surgem. Essa diretriz envolve o fortalecimento do programa de recrutamento interno, visto como uma prática que vai além da mera movimentação de talentos.

"É uma estratégia importante para fortalecer a cultura organizacional, estimular o protagonismo dos colaboradores e impulsionar a retenção de talentos", avalia Raquel Cremasco, gerente sênior de Recursos Humanos. "Por isso, esse programa tem sido um dos pilares do crescimento da organização, promovendo mobilidade de competências e evolução de carreira de forma estruturada e transparente."

Outra iniciativa bem disseminada entre os Lugares Mais Incríveis para Trabalhar é a estruturação da universidade corporativa, que oferece cursos de formação e aperfeiçoamento desenhados sob medida para as necessidades internas. É o caso da Lojas Renner, que tem a Universidade Renner como um hub de carreira e desenvolvimento, integrando avaliações de competências, Planos de Desenvolvimento Individual (PDI), sucessão e programas de liderança em um só ecossistema.

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Como resultado desse trabalho, 64% das novas vagas de liderança abertas ao longo do ano passado foram ocupadas por talentos internos. "A Universidade Renner funciona também como uma ponte entre gerações, unindo mais de 20 mil colaboradores em uma cultura comum de aprendizado contínuo e inovação", diz Regina Durante, vice-presidente de Gente, Sustentabilidade e Relações Institucionais.

Para crescer

No Itaú Unibanco, as estatísticas também ajudam a comprovar a prioridade dada ao desenvolvimento dos talentos que já estão na casa: cerca de 80% dos cargos de liderança são ocupados por profissionais que cresceram internamente. Só no último ano, 11.785 colaboradores assumiram novos desafios em áreas distintas dentro do banco. "Nosso compromisso é oferecer caminhos claros de desenvolvimento, garantindo que nossos profissionais tenham visibilidade sobre como crescer internamente", diz Tatyana Montenegro, diretora de Recursos Humanos.

Para tornar isso possível, descreve a executiva, foi implementada uma série de programas para o amadurecimento de lideranças em potencial e incentivada a realização de Planos de Desenvolvimento Individual ainda mais robustos. "Uma empresa como o Itaú Unibanco, que une a solidez de uma organização centenária à agilidade e à modernidade necessárias em um contexto dinâmico, proporciona múltiplas oportunidades de carreira", avalia Montenegro.

Uma das ferramentas que apoiam o processo de desenvolvimento interno no banco é a IOX, plataforma digital de treinamentos que permite ao colaborador se atualizar no próprio ritmo e de acordo com suas necessidades de carreira. A oferta de cursos vai de temas técnicos, como ciência de dados e inovação em produtos financeiros, até competências comportamentais, a exemplo de empatia, comunicação inclusiva e liderança colaborativa.

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Mentoria

Outra estratégia cada vez mais disseminada nas empresas para preparar gestores em potencial é a mentoria, processo em que profissionais mais experientes acompanham e aconselham o desenvolvimento dos talentos mais jovens. Confiante nos resultados positivos da prática, a Peers Consulting+Technology decidiu que 100% dos seus colaboradores teriam um mentor. A regra básica é que seja sempre alguém que esteja pelo menos um nível de carreira acima do mentorado, pois nessas condições muito possivelmente já terá passado pelas dificuldades e pelos dilemas enfrentados pelo colega menos experiente.

O mentor é designado logo na entrada do novo colaborador na Peers, com reuniões individuais sendo realizadas uma ou duas vezes por mês, periodicidade que depende da combinação entre as partes e dos objetivos traçados. Além da missão de orientar, o mentor se torna uma espécie de representante e patrocinador do mentorado - no comitê de avaliação de desempenho, por exemplo, é o mentor que representa cada peer (como os colaboradores são chamados internamente).

"Esse processo contribui para um engajamento alto, a vivência de nossos valores na prática, turnover estável e ação rápida e efetiva diante de eventuais problemas comportamentais ou de performance", diz Marcelo Shiramizu, co-fundador e managing director da Peers.

Ferramenta de apoio

A trajetória de crescimento na hierarquia de uma empresa costuma ser muitas vezes comparada a uma viagem. Essa analogia foi levada ao pé da letra pela Aperam BioEnergia, que entrega a cada novo gestor um documento conhecido internamente como "passaporte". "É um verdadeiro mapa de bordo que reúne informações como contatos-chave e processos fundamentais para orientá-lo e apoiá-los nos primeiros movimentos", diz Rodrigo Heronville, diretor de Gente e Gestão. Outra ferramenta de apoio para esse mesmo público é a plataforma First Time, criada especialmente para fornecer instrumentos básicos de gestão aos novos líderes.

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Conheça as empresas brasileiras com os mais altos níveis de satisfação entre os seus colaboradores no site do "Lugares Mais Incríveis para Trabalhar".

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