Covid-19 supera número de mortes por H1N1 em 2009 no Brasil

Comparação é feita com o auge da pandemia de gripe no País; já são 2.141 óbitos pelo novo coronavírus contra 2.060 pelo influenza

17 abr 2020 - 20h08
(atualizado às 20h23)
Coveiros do cemitério de São Francisco Xavier, no Rio de Janeiro, em tempos de coronavirus estão usando roupas especiai
Coveiros do cemitério de São Francisco Xavier, no Rio de Janeiro, em tempos de coronavirus estão usando roupas especiai
Foto: Jorge Hely/FramePhoto / Estadão Conteúdo

BRASÍLIA - As mortes pelo novo coronavírus confirmadas no Brasil desde 26 de fevereiro superam o total registrado em 2009 por H1N1, no auge daquela pandemia. Naquele ano, a primeira morte foi registrada em junho.

Mesmo com alta subnotificação por falta de testes, reconhecida pelo próprio Ministério da Saúde, o País confirmou, até 17 de abril, 33.682 testes positivos e 2.141 óbitos pela covid-19. Em 2009, foram 50.482 casos e 2.060 mortos pelo vírus influenza, segundo dados do governo federal.

Publicidade

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considerou a H1N1 como pandemia de julho de 2009 a agosto de 2010. No segundo ano, a doença perdeu força pelo reforço de medicamento e vacina no tratamento.

Em 22 de março, o presidente Jair Bolsonaro errou ao prever que a covid-19 mataria menos que a H1N1 em 2019, quando o total de óbitos já foi inferior ao do ano de pandemia. "O número de pessoas que morreram de H1N1 no ano passado foram na ordem de 800 pessoas. A previsão é não chegar a essa quantidade de óbitos no tocante ao coronavírus", afirmou.

O deputado federal Osmar Terra (MDB) também minimiza a covid-19 usando dados sobre a H1N1. Ele chegou a ser cotado ao cargo de ministro da Saúde, agora ocupado pelo oncologista Nelson Teich.

Ministro da Saúde em 2009, o médico José Gomes Temporão disse no fim de março em entrevista ao Estado que a covid-19 é muito mais grave do que a pandemia enfrentada por ele.

Publicidade

"A letalidade e o número de casos graves do H1N1 é muito mais baixa que do novo coronavírus. O número de pessoas que adoece, precisa de ventilação pulmonar, é significativamente menor na pandemia de 2009. Uma outra diferença importante é a situação do sistema de saúde. Hoje estamos mais frágeis do ponto de vista financeiro", disse Temporão.

O ex-ministro também afirmou que o País não adotou medidas de isolamento social amplo à época justamente pela menor gravidade da doença. "Quando o H1N1 chegou, o que percebemos era que não era uma doença com muita diferença do que os vírus da gripe comum. Claro, tivemos óbitos, a população não tinha imunidade."

Novo recorde

No dia em que o oncologista Nelson Teich tomou posse como ministro da Saúde, o Brasil bateu novo recorde diário de mortes pela covid-19: foram 217 nas últimas 24 horas. Com isso, o número de óbitos passou para 2.141 nesta sexta-feira (17), de acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde.

O País também atingiu o maior número de casos confirmados de covid-19 em um único dia, com 3.257 novos registros de pessoas contaminadas de ontem para hoje. No total, o Ministério da Saúde tem a informação de que 33.682 testaram positivo para o novo coronavírus até o momento. A taxa de letalidade está em 6,4%.

Publicidade

A região mais afetada é o Sudeste, com 56,6% dos casos, seguida pelo Nordeste (22.2%), Norte (9,4%), Sul (7,7%) e Centro-Oeste (4,1%). Em São Paulo, Estado com maior número de casos e de mortes decorrentes da doença no País, há registro de 12.841 pessoas infectadas e 928 óbitos. Diante do cenário, o governador João Doria (PSDB) anunciou que vai prorrogar a quarentena até o dia 10 de maio, um domingo.

O Rio de Janeiro aparece em segundo lugar, com 4.249 casos confirmados e 341 mortes, seguido pelo Ceará (3.684 casos confirmados de covid-19 e 149 mortes), Pernambuco (2.006 casos e 186 mortes registradas), e Amazonas (1.809 casos registrados e 145 mortes).

Veja também:

'Não é gripezinha': o que dizem os curados do coronavírus
Video Player
Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações