O que estão compartilhando: reprodução de trecho de discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em que ele fala: "Se o pobre consumir mais, o rico vai ficar mais rico". Legenda sobreposta ao vídeo diz: "Segundo Lula, o pobre não pode consumir mais para o rico não ficar mais rico".
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. A declaração foi dita em discurso de assinatura da lei de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil. Lula disse que a medida favoreceria não só os mais pobres, que devem ganhar poder de compra, mas também os ricos pelo aquecimento da economia.
Saiba mais: a sanção da lei aprovada pelo Congresso Nacional ocorreu em uma cerimônia no Palácio do Planalto. A isenção do imposto para quem ganha até R$ 5 mil era uma promessa de campanha de Lula, e valerá a partir de 1º de janeiro de 2026. Além da isenção, o texto também prevê descontos escalonados para uma faixa de renda de R$ 5.001 a R$ 7.350. Segundo o governo, a medida beneficiará 16 milhões de pessoas.
Lula defendeu o combate a desigualdades
A íntegra do discurso de Lula está disponível no site do governo federal (aqui). Ele começou criticando as desigualdades sociais no País e disse que sua eleição mudou o foco das políticas públicas para os mais necessitados.
"Eu conheço um presidente neste País que dizia que o Brasil só dava certo se ele fosse governado para 35% da população. Governar o País para quem toma café todo dia, almoça e janta, para quem pode viajar de avião, para quem pode tomar vinho ou uísque. Governar este País para quem pode mandar seu filho fazer pós-graduação no exterior... é fácil. Até porque essas pessoas precisam muito pouco do governo. O que é duro é você ter que escolher para que lado que você vai pender. Essa é a arte de governar: é você saber para quem você quer governar. Mesmo que você seja eleito para governar para todos, você tem que escolher quem é que precisa do Estado. E aí não é difícil."
Em seguida, o presidente defende o foco nas pessoas pobres. Ela fala que isso não significa escolher uma parcela da população em detrimento da outra, mas sim que todos se beneficiarão pelo aquecimento da economia.
"Se você pegar R$ 10 milhões e der para uma pessoa, aquele dinheiro vai virar uma conta bancária. E ele vai viver de juros. Pegue esses R$ 10 milhões e divida para mil pessoas. Aquele dinheiro vai virar alimento, roupa, caderno. Vai virar alguma coisa que faz a economia circular. E é isso que faz a economia crescer. A economia não cresce por conta do tamanho da conta bancária do sujeito. A economia cresce por conta do consumo que a sociedade pode ter a partir dos alimentos. É isso que tem que se aprender neste País."
Por fim, ele volta a dizer que uma medida que seja voltada para a camada mais pobre não precisa ser negativa para a camada mais rica.
"E o rico não fica mais pobre. Se o pobre consumir mais, o rico vai ficar mais rico. O rico vai vender mais carne, mais roupa, mais carro. É isso que a pessoa precisa compreender para se fazer economia. Quando você discute economia, para quem já participa do chamado sistema, já está tudo resolvido."
A frase sobre o pobre consumir mais foi divulgada por alguns veículos de comunicação (aqui). No entanto, acabou tirada de contexto por postagens nas redes sociais para dar a impressão de que o presidente estava fazendo uma crítica aos mais ricos.