'Não compete ao STF realizar um juízo político' e mais: Confira as frases mais marcantes de Fux durante o julgamento da trama golpista

Ministro foi o único a votar nesta quarta-feira, 10, em julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados

10 set 2025 - 16h14
(atualizado às 22h51)
Resumo
O ministro Luiz Fux, do STF, divergiu ao afirmar que o tribunal é incompetente para julgar o caso do ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados, propondo a nulidade do processo devido à ausência de competência absoluta e ao princípio do juiz natural.
Ministro Luiz Fux.
Ministro Luiz Fux.
Foto: Gustavo Moreno/STF

“Supremo não é competente para julgar esta ação” e “juiz se faz mais severo do que a lei”, disparou o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quarta-feira, 10, quarto dia do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados por envolvimento na trama golpista.

Fux foi o terceiro ministro do STF a votar. Na terça-feira, 9, Alexandre de Moraes e Flávio Dino votaram pela condenação de todos os envolvidos. Nos próximos dias, devem votar a ministra Cármen Lúcia e o presidente da Primeira Turma, Cristiano Zanin.

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As falas de Fux chamaram a atenção pela divergência de opiniões de Moraes, por ele dizer que o processo deveria ser totalmente anulado, e que o STF não teria competência para julgar a ação. A seguir, veja as frases mais marcantes:

Luiz Fux, ministro do STF

  • "O excelentíssimo ministro Alexandre de Moraes, legislador a quem eu parabenizo pela dedicação demonstrada ao longo do seu voto. Saúdo meu direto amigo, ministro Flávio Dino, que tem um humor especial e isso o torna atraente", disse Fux.
  • "As defesas argumentam que o Supremo não é competente para julgar esta ação, pois não há entre os denunciados nenhuma autoridade com prerrogativa de foro, como estabelece de forma clara o artigo 102, inciso I, da Constituição Federal."
  • "Como ensina o professor Calamandrei, a obediência à competência estrita é um dos pilares do Estado de Direito: a jurisdição só se exerce quando a competência está presente."
  • "Ao rebaixar a competência originária do plenário para uma das duas turmas, estaríamos silenciando as vozes de ministros, que poderiam exteriorizar sua forma de pensar sobre os fatos a serem julgados nesta ação penal", disse.
Ministro Luiz Fux vota no quarto dia de julgamento da trama golpista.
Foto: Arte: Redação Terra
  • "A competência que está em jogo não se prorroga, porque não é relativa, é absoluta e funcional. Os réus deste processo, sem nenhuma prerrogativa de foro, perderam seus cargos muito antes do surgimento do atual entendimento [do STF]. A aplicação da tese mais recente para manter esta ação no Supremo, muito depois da prática de crimes, gera questionamentos não só sobre casuísmos, mas, mais do que isso, ofende o princípio do juiz natural e da segurança jurídica", disse Fux.
  • "Como vossa excelência pode verificar, eu estou evitando citar nomes dos colegas, acho desconfortável e deselegante."
  • "Mudar de entendimento é evoluir, Direito não é museu de princípios", disse Fux sobre delação premiada.
Ministro Luiz Fux vota no quarto dia de julgamento da trama golpista.
Foto: Arte: Redação Terra
  • "Estou há 14 anos no Supremo Tribunal Federal, julguei processos complexos, como, por exemplo, o Mensalão. Nossa decana [Cármen Lúcia] também esteve presente. O processo levou dois anos para receber a denúncia e cinco anos para ser julgado", destacou.
  • "Não se concebe organização criminosa sem escalonamento de chefia e chefiado", disse Fux.
  • "Concluo assim pela incompetência absoluta do Supremo Tribunal Federal para o julgamento deste processo, na medida em que os denunciados já haviam perdido os seus cargos. E, como é sabido, em virtude da incompetência absoluta para o julgamento, impõe-se a declaração de nulidade de todos os atos decisórios praticados."
  • "Não compete ao STF realizar um juízo político do que é bom ou ruim, conveniente ou inconveniente, apropriado ou inapropriado."
Ministro Luiz Fux vota no quarto dia de julgamento da trama golpista.
Foto: Arte: Redação Terra
  • "O STF é, para além de Corte da Justiça, a bússola de legitimidade constitucional de uma sociedade marcada pela pluralidade de ideias, valores e identidades."
  • "Foi exatamente neste contexto que as defesas alegaram cerceamento de defesa, em razão dessa disponibilidade tardia que apelidei de um 'tsunami de dados', que no Direito se denomina 'document dumping', e sem indicação suficiente de antecedência minimamente razoável para a prática dos atos processuais", declarou.
  • "No caso em questão, não há nenhuma prova que os réus tinham o dever de impedir os danos causados pela multidão em 8 de janeiro de 2023. Nesse sentido, a omissão não se configura apenas pela ausência da ação, mas pela ausência de ação capaz de impedir o resultado do crime".
Ministro Luiz Fux vota no quarto dia de julgamento da trama golpista.
Foto: Arte: Redação Terra
  • "O juiz, por sua vez, deve acompanhar a ação penal com distanciamento, não apenas por não dispor de competência investigativa ou acusatória, como também por seu necessário dever de imparcialidade."
  • "A denúncia não narrou em qualquer trecho que os réus pretendiam aplicar concursos reiterados, de modo estável e permanente, como exige uma organização criminosa."
  • "Homem independente é a maior qualidade de qualquer homem que atue na órbita jurídica."
  • “Não compete ao STF realizar um juízo político, conveniente ou inconveniente, apropriado ou inapropriado. Compete a este tribunal afirmar o que é constitucional ou inconstitucional, legal ou ilegal."
  • “Os black blocs invadiram o Rio e São Paulo, foram absolvidos. Não se pode reconhecer uma responsabilidade solidária por todos os anos ocorridos em 8 de janeiro de 2023, e não estamos tratando dessas pessoas que eu mencionei. Tal postura, equivaleria uma evitável aplicação da teoria do risco integral em desfavor dos réus em uma ação penal."
Ministro Luiz Fux vota no quarto dia de julgamento da trama golpista
Foto: Arte: Redação Terra
  • "Ninguém pode ser punido por convicções morais, porque é um canalha, um patife."
  •  “Não há prova nos autos de que réus tenham ordenado a destruição [do 8/1] e depois se omitido, pelo contrário.”
  • "Um acusado não pode ser responsabilizado por um dano colocado por um terceiro, especialmente se não houver prova de vínculo ou determinação direta ou mesmo de que se omitiu."
  • "Jamais poder-se-ia cogitar do artigo 359-M [golpe de Estado], por ausência de deposição de governo legitimamente constituído. Deposição de governo é o que exige a lei. Não satisfaz o núcleo do tipo penal [de golpe de Estado] o comportamento de turbas desordenadas ou iniciativas esparsas despidas de organização e articulação mínimas para afetar o funcionamento dos poderes constituídos."
Frases do ministro Fux
Foto: Reprodução/STF
  • "Eu sei o que é ditadura, as consequências da ditadura, sei como sofrem as vítimas da ditadura."
  • "Ditadura escancarada, ditadura derrotada, ditadura empurralada, ditadura acabada, é autor de um histórico, um periódico denominado uma girafa do Supremo. Colocando-se a trama golpista em 2022, no mês do processo de hoje, já ali em 2023, esticaram-se as pernas e o pescoço do bicho, encolhendo-lhe a cabeça, ficou bonito, até elegante. Mas é uma girafa, um inscrito denominado, uma girafa no Supremo."
  • "O poder não é tomado. Ele é concedido temporariamente por poder popular."

  • “A mão tem que entrar na luva."

  • “É desrazoável equiparar palavras a atos efetivos de violência, como um ataque com faca (...) não, o cidadão foi lá e esfaqueou”.

Fonte: Redação Terra
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