Motta e Alcolumbre cancelam sessões no Congresso após obstrução de bolsonaristas

Presidentes da Câmara e Senado também anunciaram reunião de líderes para que as atividades legislativas possam ser retomadas

5 ago 2025 - 19h06
(atualizado às 20h50)
Resumo
Presidentes da Câmara e do Senado cancelaram sessões após obstrução de bolsonaristas, que exigem anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro, impeachment de Alexandre de Moraes e fim do foro privilegiado.
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Os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), cancelaram as sessões marcadas para esta terça-feira, 5, após parlamentares aliados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ocuparem as Mesas Diretoras de ambas as casas e travarem as pautas de votação

Na Câmara, a retomada dos trabalhos legislativos foi marcada pelo bate-boca entre deputados da base governista e da oposição -- estes, com fitas na boca. Enquanto o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), em tom altivo, pedia que bolsonaristas deixassem a Mesa Diretora, oposicionistas desafiavam os demais deputados com frases como: "Vem fazer a gente sair."

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Parlamentares da oposição usam fitas adesivas na boca durante protesto na Câmara
Parlamentares da oposição usam fitas adesivas na boca durante protesto na Câmara
Foto: Deborah Sena

O primeiro vice-presidente, Altineu Côrtes (PL-RJ), aliado de Bolsonaro, chegou a ameaçar pautar a anistia caso Motta se ausente do país. "Se Hugo Motta sair do país, eu vou pautar a anistia", disse a jornalistas.

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Por meio de uma publicação nas redes sociais, Motta, que está na Paraíba, seu reduto eleitoral, para acompanhar a inauguração de obras, confirmou o encerramento da sessão legislativa desta terça-feira e que, na quarta-feira, 6, chamará reunião de líderes para tratar a retomada dos trabalhos.

"Acompanho a situação em Brasília desde as primeiras horas do dia de hoje, inclusive o que vem acontecendo agora à tarde no plenário da Câmara. Determinei o encerramento da sessão do dia de hoje e amanhã chamarei reunião de líderes para tratar da pauta, que sempre será definida com base no diálogo e no respeito institucional. O Parlamento deve ser a ponte para o entendimento", disse o deputado. 

A situação se repetiu no Senado, onde parlamentares anunciaram que só deixariam a Mesa Diretora quando Alcolumbre pautasse pedidos de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). 

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Em nota, o presidente da Casa fez um apelo para que os trabalhos sejam retomados 'com respeito, civilidade e diálogo' no Congresso Nacional, além de criticar a obstrução das pautas de votação. 

"A ocupação das Mesas das Casas, que inviabilize o seu funcionamento, constitui exercício arbitrário das próprias razões, algo inusitado e alheio aos princípios democráticos", disse Alcolumbre, em trecho do comunicado. O presidente do Senado também afirmou que fará uma reunião entre líderes para discutir a retomada da atividade legislativa. 

Parlamentares de oposição se reúnem em protesto contra a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro
Foto: Foto: Liderança de oposição

Obstrução de bolsonaristas no Congresso Nacional

Deputados e senadores aliados de Jair Bolsonaro (PL) no Congresso Nacional decidiram travar as pautas de votações nas Casas legislativas, exigindo que um pacote de medidas em favor do ex-presidente, preso nesta segunda-feira, 4, seja votado.

A iniciativa foi anunciada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e outros parlamentares bolsonaristas e consiste em ocupar as Mesas Diretoras da Câmara dos Deputados e do Senado impedindo que as sessões plenárias sejam iniciadas.

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Segundo o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), a expectativa é não votar nada nesta semana, mas caberá ao presidente de cada comissão a decisão de parar os trabalhos ou não.

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Em troca de iniciarem os trabalhos neste retorno do recesso, os congressistas exigem a votação de anistia "ampla, geral e irrestrita" aos envolvidos no 8 de Janeiro, o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e a proposta de emenda à Constituição (PEC) pelo fim do foro privilegiado.

Na Câmara, os deputados chegaram a tapar as bocas com fita adesiva em protesto contra a prisão de Bolsonaro. Como mostrou o Estadão, ocasionalmente, alguns deles tiram provisoriamente o item para beber água ou para falar ao telefone. Veja quem participou de protestos na Câmara e no Senado:

Deputados obstruindo trabalhos legislativos na Câmara

  • Sóstenes Cavalcante (PL-RJ);
  • Marcel van Hattem (Novo-RS);
  • Ubiratan Sanderson (PL-RS);
  • Paulo Bilynskyj (PL-SP);
  • Marco Feliciano (PL-SP);
  • Cabo Gilberto Silva (PL-PB);
  • Zucco (PL-RS);
  • Delegado Caveira (PL-PA);
  • Rodolfo Nogueira (PL-MS);
  • Caroline De Toni (PL-SC);
  • Domingos Sávio (PL-MG);
  • Mário Frias (PL-SP);
  • Carlos Jordy (PL-RJ);
  • Sargento Gonçalves (PL-RJ).

Senadores obstruindo trabalhos legislativos no Senado

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  • Astronauta Marcos Pontes (PL-SP)
  • Carlos Portinho (PL-RJ);
  • Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG);
  • Damares Alves (Republicanos-DF);
  • Eduardo Girão (Novo-CE)
  • Flávio Bolsonaro (PL-RJ)
  • Izalci Lucas (PL-DF);
  • Jaime Bagattoli (PL-RO);
  • Jorge Seif (PL-SC);
  • Magno Malta (PL-ES);
  • Marcos Rogério (PL-RO);
  • Rogério Marinho (PL-RN);
  • Sérgio Moro (União Brasil-PR).

*Com Estadão Conteúdo.

Fonte: Redação Terra
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