Moraes cita anulação do processo de Lula durante julgamento de Bolsonaro; entenda o que livrou petista

Ministro falou em "má-fé" de Bolsonaro ao tentar descredibilizar Poder Judiciário

9 set 2025 - 12h59
(atualizado às 16h40)
Resumo
Durante julgamento de Bolsonaro no STF, Alexandre de Moraes citou a anulação do processo contra Lula, atribuída à incompetência da 13ª Vara de Curitiba e à parcialidade do juiz Sérgio Moro, o que devolveu os direitos políticos ao petista em 2021.
Moraes fala de Lula em julgamento da trama golpista
Moraes fala de Lula em julgamento da trama golpista
Foto: Reprodução/Youtube STF

Durante a leitura de seu voto no julgamento da trama golpista, realizado nesta terça-feira, 9, o relator e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, citou o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e relembrou a anulação do processo que havia condenado o petista e o tornado inelegível. 

"O réu Jair Messias Bolsonaro deu sequência à estratégia golpista estruturada pela organização sob sua liderança, para já colocar em dúvida o resultado das futuras eleições sempre com a função de obstruir o funcionamento da Justiça Eleitoral, atentar contra o Poder Judiciário e garantir a manutenção do seu grupo político no poder, independentemente dos resultados das eleições vindouras", disse o ministro ao fazer referência a uma live feita por Bolsonaro em 29 de julho de 2021.

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Na ocasião, Bolsonaro aparecia em frente a um cartaz em que era possível ler a frase 'voto impresso auditável'. "Ou seja, há má-fé para descredibilizar as urnas eletrônicas. E na live, uma série de agressões e ameaças em relação a ministros do Supremo Tribunal Federal, o Superior Tribunal Eleitoral e a Justiça Eleitoral", seguiu Moraes.

"Disse o réu Jair Messias Bolsonaro, após dizer que tinha vários vídeos demonstrando fraudes (nas eleições): 'vamos deixar isso continuar acontecendo? Acabando as eleições, a gente vai judicializá-la? Quem vai julgar? Os mesmos que tiraram o Lula da cadeia? Que o tornaram elegível? Que contaram os votos deles?'", disse Moraes.

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Entenda o processo que restituiu os direitos políticos de Lula

Lula foi alvo da Operação Lava Jato, que teve início em março de 2014, a fim de investigar crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Em março de 2016, o então juiz federal de primeira instância Sérgio Moro expediu um mandado de condução coercitiva contra o ex-presidente para prestar depoimento sobre as acusações. E, em julho do mesmo ano, o petista tornou-se réu. 

Em julho do ano seguinte, Lula foi condenado em primeira instância a nove anos e seis meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro na ação penal envolvendo um triplex no Guarujá, no litoral de São Paulo. Já a condenação em segunda instância ocorreu em janeiro do ano seguinte, no momento em que Lula se preparava para iniciar a campanha presidencial. 

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Com a condenação, que teve a pena aumentada para 12 anos e um mês, o ex-presidente se tornou inelegível. E, em abril de 2018, ele se entregou à Polícia Federal. Em fevereiro de 2019, Lula foi condenado pela juíza substituta Gabriela Hardt, que estava no lugar de Moro, a 12 anos e 11 meses de prisão no caso do sítio de Atibaia, no interior paulista, sob acusação de recebimento de propina. 

Lula é carregado por militantes em frente ao Sindicato do Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo.
Foto: Marcelo Gonçalves / SigmaPress / Estadão

Após 580 dias preso em cela especial da Polícia Federal em Curitiba, Lula foi solto no dia 8 de novembro de 2019, um dia após o Supremo Tribunal Federal ter considerado a prisão em segunda instância inconstitucional. 

Em 2021, o Plenário do STF declarou a incompetência da 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba (PR) e anulou as ações penais contra o ex-presidente Lula, por não se enquadrarem no contexto da operação Lava Jato. No entendimento do STF, os casos não deveriam ter sido julgados em Curitiba. O órgão citou parcialidade do juiz Sergio Moro.

Com a anulação, os direitos políticos de Lula foram reconquistados em março de 2021. E, em 2022, Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito novamente presidente da República, para seu terceiro mandato, vencendo o então presidente, Jair Messias Bolsonaro (PL), que pleiteava a reeleição.

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Fonte: Redação Terra
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