Lula e Tarcísio trocaram críticas em eventos simultâneos sobre habitação social em São Paulo.
Durante compromissos simultâneos voltados à habitação social nesta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), trocaram indiretas em eventos distintos na capital paulista e no ABC. A disputa ocorre em meio a rumores sobre uma eventual candidatura de Tarcísio à presidência em 2026, posição que Lula deve tentar manter.
Nesta quinta-feira, dia 26, Lula participou de um evento na Favela do Moinho, região central da capital, para anunciar um programa habitacional fruto da parceria entre o governo federal e o Estado. Embora o projeto tenha envolvimento dos dois governos, Tarcísio não compareceu. Segundo o Palácio dos Bandeirantes, ele já estava comprometido com outra cerimônia: a entrega de 120 apartamentos em São Bernardo do Campo, na Região Metropolitana de São Paulo.
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"O governador foi convidado para vir aqui. Se ele não veio, é porque tem um compromisso em São Bernardo, mas ele foi convidado", disse Lula, ao lembrar que sempre convida os governadores quando visita os Estados. Em seguida, alfinetou: "Agora, vocês [moradores] estão sob os cuidados do governo federal e nós vamos respeitar vocês".
No mesmo discurso, Lula ainda criticou a tentativa anterior de retirada das famílias da Favela do Moinho. "Pois, se a gente fizer a cessão [do terreno] e eles tiverem que ocupar isso aqui amanhã, eles vão utilizar outra vez a polícia e vão tentar enxotar vocês sem vocês consigam o que vocês quiserem", afirmou, referindo-se ao governo paulista.
Lula ressaltou que mudanças na região não podem acontecer "às custas do sofrimento dos moradores". Entre as iniciativas propostas por Tarcísio, estava a construção de um parque no local.
"O governo do Estado disse que quer fazer um parque aqui, por mais que seja bonito um parque, ele não pode ser feito às custas do sofrimento de um ser humano. [...] É importante que as pessoas que querem visitar o parque, brincar e passar o domingo nesse parque, não venham pisotear sangue dos pobres que foram agredidos aqui. Vamos fazer com decência e com muita dignidade", declarou Lula.
Sua fala foi reforçada pela líder comunitária Flávia da Silva, que denunciou a ação do governo Tarcísio de Freitas e da Polícia Militar de São Paulo. Segundo ela, a PM "torturou" e "oprimiu" a comunidade.
"Dia histórico, porque em vez da gente tomar tapa, bomba e tiro, a gente tá recebendo o presidente da República", disse Flávia. "A gente passou repressão policial aqui, opressão. Não houve diálogo, houve agressão. A PM é para nos proteger e não nos agredir e tratar como se fossemos traficantes. A polícia que o Tarcísio mandou aqui não foi para nos defender. Foi por isso que a gente pediu socorro, presidente Lula, senão a gente ia ser massacrado aqui dentro sem a imprensa saber", acrescentou ela.
Tarcísio responde críticas
Durante o evento em São Bernardo, Tarcísio rebateu a fala sobre sua ausência: "Estou muito tranquilo com isso. O presidente vai fazer o evento dele lá, está tudo certo, e nós vamos continuar trabalhando". E completou: "Nosso objetivo, sinceramente, não é fazer evento, é fazer entrega".
Na véspera, o governador havia publicado nas redes sociais uma mensagem sobre o projeto na Favela do Moinho, sem mencionar o governo federal. "Fizemos o que ninguém nunca teve coragem de fazer", escreveu.
*Com informações do Estadão