O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a Polícia Federal a cumprir mandados de busca e apreensão contra Mariângela Fialek, conhecida como Tuca, assessora técnica de Arthur Lira durante a presidência da Câmara dos Deputados. A decisão levou à deflagração, nesta sexta-feira, 12, da operação Transparência, que apura o suposto desvio na destinação de emendas parlamentares ao Orçamento.
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Mariângela é considerada uma peça-chave no processo de organização das indicações desses recursos. Ela ocupou esse papel durante a gestão de Arthur Lira (PP-AL) e continuou na função depois que Hugo Motta (Republicanos-PB) assumiu a presidência da Câmara.
Na decisão, Dino destacou que depoimentos de parlamentares descrevem a atuação direta de Tuca na operacionalização de emendas, supostamente em nome de Lira. “Atua diretamente na operacionalização do encaminhamento de emendas, efetuando-as supostamente em nome do ex-presidente da Câmara dos Deputados, o deputado Arthur Lira”, registrou o ministro ao citar informações já colhidas no inquérito.
Dino afirmou ainda que a permanência da assessora na função mesmo após a troca de comando reforça a suspeita de que ela integraria um esquema estruturado dentro da Casa. "Tais circunstâncias evidenciam fortes indícios de que a representada [Tuca] integra uma estrutura organizada voltada ao indevido direcionamento de emendas parlamentares, supostamente atuando sob ordens diretas da antiga Presidência da Câmara dos Deputados, exercida pelo deputado Arthur Lira, fato que ainda está em apuração".
Além das buscas em endereços ligados à investigada, a PF também esteve no local de trabalho de Tuca, dentro da própria Câmara. Dino determinou seu afastamento de qualquer atividade relacionada a emendas até a conclusão das apurações. A investigação aponta que Mariângela é alvo por possíveis crimes de peculato, falsidade e corrupção.
A Procuradoria-Geral da República apoiou a operação. Para o procurador-geral Paulo Gonet, a servidora "desponta exercer o controle de indicações desviadas de emendas decorrentes do orçamento secreto em benefício de uma provável organização criminosa voltada à prática de desvios funcionais e crimes contra a administração pública e o sistema financeiro nacional".
A decisão de Dino se baseou em quebras de sigilo já autorizadas e no conjunto de depoimentos de parlamentares ouvidos na investigação, entre eles José Rocha (União Brasil-BA), Glauber Braga (PSOL-RJ), Adriana Ventura (Novo-SP), Fernando Marangoni (União Brasil-SP), Dr. Francisco (PT-PI) e o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG).
Ao Terra, a equipe de Arthur Lira destacou que não possui ligação atual com a ex-assessora. A reportagem busca posicionamento da defesa de Mariângela.