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Delator: propina passou a ser "institucionalizada" após 2003

Em depoimento à CPI da Petrobras na Câmara, Pedro Barusco diz que propina recebida a partir de 1997 foi "pessoal"

10 mar 2015 - 11h41
(atualizado às 13h09)
<p>Barusco disse que começou a receber propina em 1997</p>
Barusco disse que começou a receber propina em 1997
Foto: Agência Brasil

O ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco disse nesta terça-feira, em depoimento na CPI da Petrobras, que começou a receber propina de forma mais “institucionalizada” entre 2003 e 2004, durante o governo Lula. Ao responder perguntas do relator da comissão, Luiz Sérgio (PT-RJ), Barusco disse que o dinheiro ilícito que começou a receber em 1997 ou 1998, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, mas de forma “isolada” e por iniciativa pessoal.

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“Iniciei a receber propina em 1997 e 1998. Foi uma iniciativa pessoal minha, com o representante da empresa (a holandesa SBM Offshore). A forma mais ampla, mais institucionalizada, em contato com outras pessoas da Petrobras, foi a partir de 2003, 2004”, disse Barusco, que participou de um acordo de delação premiada para ajudar com as investigações e devolver cerca de US$ 100 milhões.

O ex-gerente disse que notou que a propina era institucionalizada pelo percentual ligado a propinas nos contratos fechados pela Petrobras com outras empresas. "Se fazia um contrato com uma empresa, e sempre tinha um percentual destinado a propina", disse.

O delator relatou que, durante o governo FHC, exercia o cargo de gerente de tecnologia no Departamento de Exploração. Dessa forma, não poderia saber se já existia mecanismos ilegais na Diretoria de Serviços. "Eu não sei falar sobre o que acontecia na esfera da gerência naquela época", disse aos deputados.

Barusco, no entanto, não desenvolveu sua atuação durante o governo Fernando Henrique Cardoso. "Não vou me aprofundar nessas questões por estar ocorrendo uma investigação", disse, sem dar detalhes.

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O depoimento de Barusco é de interesse tanto de petistas como de oposicionistas. Na delação premiada, o ex-gerente estimou um recebimento de até US$ 200 milhões de propina por parte do PT, enquanto também jogou o início do recebimento de propina para 1997, durante a gestão tucana. A fala foi usada até pela presidente Dilma Rousseff, que considerou ter faltado investigação antes da era petista.

Sobre o dinheiro que o PT teria recebido, Barusco ressaltou que fez apenas uma estimativa do montante, já que havia uma previsão de o PT ficar com o dobro do que ele ganhava. "Como o PT na divisão da propina tinha ou cabia a ele receber o dobro ou mais, eu estimava que eu deveria receber o dobro. Se eu recebi, por que os outros não teriam recebido? Eu não tenho prioridade. Cabia a mim uma quantia e cabia ao PT outro valor."

Assim como fez em sua delação premiada, Barusco explicou o mecanismo de distribuição de propinas, em que 2% de contratos da diretoria de Serviços, controlada por Renato Duque, eram divididas entre os dois executivos e o PT. Dessa forma, acredita que o PT tenha recebido entre US$ 150 e 200 milhões. 

"Não sei como o João Vaccari recebeu, se foi doação oficial, se foi pago em dinheiro. Existia uma reserva de propina, uma reserva para o PT receber", disse.

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Questionado sobre por que teria começado a receber propina, Barusco disse que esse "é um caminho sem volta" e classificou como um "alívio" a devolução de quase US$ 100 milhões que estavam em contas no exterior. "Primeiro fiquei feliz. Depois foi se transformando em um temor ter todo esse recurso no exterior", disse.

Fonte: Terra
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