Comissão do Congresso faz reunião secreta com Heleno

Inicialmente marcada para discutir o papel dos órgãos de inteligência, como o GSI, a reunião teve como um dos principais assuntos, no entanto, o comboio bélico que desfilou nesta terça-feira em Brasília

11 ago 2021 - 01h22
(atualizado às 07h20)

O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, participou de uma reunião secreta no Congresso, nesta terça-feira, 10, dia em que o presidente Jair Bolsonaro acompanhou um desfile de veículos blindados. A audiência ocorreu na Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência, colegiado formado por deputados e senadores.

General Augusto Heleno chega ao Itamaraty
 15/7/2020 REUTERS/Adriano Machado
General Augusto Heleno chega ao Itamaraty 15/7/2020 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

A reunião havia sido marcada antes do recesso legislativo e foi chamada para discutir o papel dos órgãos de inteligência, como o GSI, comandado por Heleno. Um dos principais assuntos, no entanto, acabou sendo o comboio bélico na Praça dos Três Poderes justamente no dia em que a Câmara se debruçou sobre a polêmica do voto impresso.

Publicidade

Heleno disse que os exercícios militares estavam programados há no mínimo seis meses. "Foi uma coincidência", observou o general, ao ser questionado sobre o motivo de a exibição militar ocorrer na mesma data da votação do voto impresso na Câmara. A iniciativa foi classificada pelo Congresso como "uma afronta" para intimidar os deputados.

"Eu não acho que tenha sido feito algo para afrontar o Congresso. O desfile já estava montado e talvez o presidente (Bolsonaro) tenha se aproveitado um pouco dele. Mas tratar isso como crise institucional é um exagero, é achar chifre em cabeça de cavalo", afirmou o presidente da Comissão de Controle das Atividades de Inteligência, deputado Aécio Neves (PSDB-MG).

Na reunião desta terça-feira, Heleno também foi perguntado sobre a tentativa do governo de contratar o Pegasus, software que espionou dados de cidadãos em dezenas de países, e negou a participação do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho 02 de Jair Bolsonaro, nesse processo. Ao mencionar a aquisição da tecnologia 5G, o general também negou que haja veto à chinesa Huawei, mas admitiu preocupação com a privacidade de dados.

Todas as audiências da Comissão de Controle das Atividades de Inteligência são secretas e reservadas aos parlamentares que a integram. Os encontros, porém, não são corriqueiros no Congresso. A última atividade da comissão havia sido em agosto do ano passado para ouvir o então ministro da Justiça, André Mendonça, sobre um relatório de inteligência da pasta que mirou em servidores públicos.

Publicidade
Curtiu? Fique por dentro das principais notícias através do nosso ZAP
Inscreva-se