A imprensa europeia repercute nesta segunda-feira (22) os protestos no Brasil na véspera contra a PEC da Blindagem e o PL da Anistia. As duas iniciativas podem ampliar a imunidade dos legisladores brasileiros e beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro.
O site do jornal francês Le Figaro destaca que centenas de milhares de pessoas saíram às ruas no domingo (21), nesta que é considerada a maior mobilização da esquerda brasileira desde 2022. O diário destaca que o presidente Lula apoiou a iniciativa, afirmando nas redes sociais que "as manifestações demonstram que a população não quer a impunidade, nem a anistia".
O britânico The Guardian traz uma matéria de seu correspondente no Rio de Janeiro, Tom Philipps, que afirma que os protestos miraram "na tentativa de ajudar o ex-presidente a escapar da sentença". A matéria lembra que Bolsonaro foi condenado a 27 anos de prisão no início deste mês "por tentar se agarrar ilegalmente ao poder após perder a eleição presidencial de 2022". The Guardian ainda destaca que os protestos lotaram as ruas das maiores cidades brasileiras e tiveram uma participação extremamente simbólica de artistas que lutaram contra a Ditadura Militar, como Caetano Veloso, Chico Buarque e Gilberto Gil.
O site do jornal francês Le Monde traz uma análise do seu correspondente no Rio de Janeiro, Bruno Meyerfeld, afirmando que "o Brasil deu uma bela lição de democracia" ao condenar Bolsonaro. No entanto, o diário considera que o ex-presidente "dispõe de várias cartas" para não cumprir a sentença.
Protestos na Europa
Brasileiros também saíram às ruas em várias cidades da Europa, entre elas, Paris, Londres e Berlim. O jornal português Público destaca que na manifestação de Lisboa foi lançado um abaixo-assinado, liderado por acadêmicos e intelectuais.
O documento afirma que "O Brasil conquistou respeito e protagonismo no cenário mundial (...) como democracia sólida", mas que "qualquer medida de anistia a atos que atentaram contra a Constituição e a ordem democrática não apenas fragiliza a confiança interna, mas coloca em risco a credibilidade do país no exterior".