Em meio a pandemia, Bolsonaro expõe divergência com Mandetta

Brasil registra mais de mil novos casos por dia desde terça

3 abr 2020 - 08h14
(atualizado às 09h03)

Enquanto o Brasil vem registrando mais de mil casos por dia do novo coronavírus (Sars-CoV-2), o presidente Jair Bolsonaro veio a público para expor as divergências com o ministro da Saúde do país, Luiz Henrique Mandetta, defensor das medidas de confinamento da população.

Bolsonaro e Mandetta durante coletiva de imprensa em Brasília, em 18 de março
Bolsonaro e Mandetta durante coletiva de imprensa em Brasília, em 18 de março
Foto: EPA / Ansa - Brasil

Em entrevista à rádio Jovem Pan, Bolsonaro acusou Mandetta de falta de "humildade" na gestão da pandemia no Brasil e ainda insinuou que pode editar um decreto determinando a reabertura do comércio.

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"O Mandetta já sabe que a gente está se bicando há algum tempo, ele já sabe disso. Eu não pretendo demiti-lo no meio da guerra, não pretendo. Agora, ele é uma pessoa que, em algum momento, extrapolou. Ele sabe que tem uma hierarquia entre nós. Eu sempre respeitei todos os ministros, o Mandetta também, porque ele montou um ministério de acordo com sua vontade. A gente espera que ele dê conta do recado agora. [...] Não é nenhuma ameaça ao Mandetta, não. Se ele se sair bem, sem problema. Agora, nenhum ministro meu é indemissível", disse.

Em seguida, Bolsonaro acrescentou que, em alguns momentos, o ministro da Saúde deveria "ouvir um pouco mais" o presidente da República. "Ele cuida da saúde, o [Paulo] Guedes cuida da economia, e eu entro no meio para que não haja atrito. As duas áreas são importantes. Se o Paulo Guedes achar que só a economia é importante, e o Mandetta achar que só a saúde é importante, a gente vai ter problema com os dois. Não tenho nenhum problema com o Paulo Guedes. Agora, o Mandetta quer fazer valer muito a vontade dele. Pode ser que ele esteja certo, pode ser, mas tá faltando um pouco mais de humildade para ele para conduzir o Brasil nesse momento difícil em que nos encontramos", afirmou, acrescentando que o país "precisa" do ministro para vencer essa "batalha com o menor número de mortes possível".

O balanço divulgado pelo Ministério da Saúde nesta quinta-feira (2) aponta 7.910 casos e 299 mortes na pandemia. Esse já é o terceiro dia seguido em que o país registra mais de mil novos contágios em 24 horas. O Brasil, segundo o monitoramento da Universidade John Hopkins, dos EUA, é o 17º país com mais casos em termos absolutos.

Apesar desses números, Bolsonaro declarou na mesma entrevista que tem um "projeto pronto" para considerar atividade essencial "toda aquela exercida por homem ou mulher, que seja indispensável para que ele leve o pão para casa todo dia".

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Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Mandetta disse que não comentaria as declarações do presidente. "Ele tem mandato popular, e quem tem mandato popular fala. Quem não tem, como eu, trabalha", afirmou.

  
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