PI: homem suspeito de envenenar familiares tinha obsessão por ideais nazistas

Durante as buscas, polícia encontrou documentos e livros sobre práticas nazistas

4 fev 2025 - 15h04
(atualizado às 16h51)
Francisco de Assis Pereira da Costa foi preso suspeito por envenenar família
Francisco de Assis Pereira da Costa foi preso suspeito por envenenar família
Foto: Reprodução/Polícia Civil do Piauí

Francisco de Assis, preso suspeito de envenenar familiares em Parnaíba, no Piauí, tinha obsessão por ideais nazistas, segundo a Polícia Civil (PC PI). Durante as buscas, as equipes encontraram documentos e livros sobre práticas nazistas.

De acordo com a PC PI, livros foram encontrados em um baú e em uma segunda casa que somente ele tinha acesso. Entre as obras, uma chamou a atenção dos investigadores: Médicos Malditos, que detalha práticas da SS nazista.

Publicidade

"Trechos estavam grifados, incluindo uma anotação sobre o uso de substâncias para matar pessoas: 'mas para despistar as futuras vítimas, o produto deveria ser eficaz e sem gosto', descrição que coincide com as propriedades do terbufós", explicou a polícia.

Terbufós é um pesticida de uso agrícola altamente tóxico, que foi usado no envenenamento das vítimas.

Entenda o caso

Francisco de Assis e a companheira Maria dos Aflitos são suspeitos pela morte de oito pessoas em Parnaíba (PI), sendo sete da mesma família (filhos e netos de Maria) e uma vizinha. Todos eles morreram após ingerir alimentos contaminados com terbufós.

As duas primeiras mortes foram registradas em 22 de agosto de 2024. Outras ocorreram em 1º de janeiro de 2025, quando nove membros da família passaram mal depois de almoçar baião de dois. Cinco deles não resistiram. Depois, veio a morte da vizinha Maria Jocilene da Silva, de 41 anos.

Publicidade

O homem foi preso desde o início de janeiro. Já Maria dos Aflitos foi detida na última sexta-feira, 31, e confessou à Polícia que matou a vizinha Maria Jocilene da Silva, de 41 anos.

Jocilene morreu em 22 de janeiro após ingerir café na casa da suspeita. Para tentar despistar as investigações, Maria dos Aflitos afirmou aos agentes que a vizinha tinha sofrido um infarto. No entanto, a perícia recolheu a taça de vidro utilizada por Jocilene e encontrou traços de terbufós -- pesticida de uso agrícola altamente tóxico.

Em depoimento, ela revelou que envenenou a vizinha acreditando que isso ajudaria a libertar Francisco da prisão. "O que houve é que eu tava cega de amor pelo Assis, e pra ter ele de volta, poderia acontecer o mesmo caso", disse a suspeita. "Gosto muito dele, ainda gosto", acrescentou.

Segundo a suspeita, ela encontrou o veneno atrás do fogão e colocou todo o conteúdo no café que serviu a Jocilene. Em seguida, descartou a embalagem no lixo, que foi levado pela coleta de lixo antes da chegada da perícia. Jocilene tomou o café e, depois, usou a mesma taça para tomar água. Cerca de 30 minutos depois, ela começou a passar mal, ainda na casa de Maria dos Aflitos. 

Publicidade
Envenenamento no PI: médico explica como identificar alimentos com veneno
Video Player

Ainda no depoimento, Maria dos Aflitos contou que os primeiros envenenamentos foram cometidos por Francisco. Ela disse que desconfiou dele, mas ressaltou que estava "cega de amor". As investigações apontam que o homem tinha profundo desprezo pelos filhos e netos de Maria.

"Ele controlava os alimentos da casa, armazenando-os em um baú trancado, cuja chave ele carregava pendurada no pescoço, levando a episódios de fome na residência", informou a polícia. 

"A investigação revelou que o modus operandi utilizado nos dois primeiros crimes foi idêntico: a utilização de veneno, a oportunidade e a justificativa. Divergindo do terceiro, praticado apenas por Maria dos Aflitos", explicou o delegado Abimael Silva, que conduz as investigações.

Fonte: Redação Terra
Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações