Dezoito trabalhadores indígenas são resgatados de condições análogas à escravidão no RS

Foram identificados doze homens e seis mulheres, com idades entre 17 e 67 anos, alguns deles não alfabetizados

8 fev 2025 - 18h32
(atualizado às 23h07)
Foram resgatados 18 trabalhadores, sendo 12 homens e seis mulheres, com idades entre 17 e 67 anos, alguns deles não alfabetizados, vivendo em condições precárias.
Foram resgatados 18 trabalhadores, sendo 12 homens e seis mulheres, com idades entre 17 e 67 anos, alguns deles não alfabetizados, vivendo em condições precárias.
Foto: Divulgação/MTE

Dezoito trabalhadores indígenas foram resgatados na sexta-feira, 7, de condições análogas à escravidão em uma propriedade rural em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul. A maioria dos trabalhadores era da reserva indígena Kaingang, de Benjamin Constant do Sul (RS) e tinham sido contratados por uma empresa terceirizada para a colheita da uva na serra gaúcha.

Foram identificados doze homens e seis mulheres, com idades entre 17 e 67 anos, alguns deles não alfabetizados. No alojamento, havia ainda um bebê e uma criança de 5 anos, filhos de trabalhadores. Este foi o terceiro resgate realizado durante a safra da uva em 2025.

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A ação, coordenada por auditores-fiscais do Trabalho, contou com o apoio da Secretaria de Assistência Social, da Guarda Municipal de Bento Gonçalves e da Polícia Rodoviária Federal (PRF). 

Segundo o Ministério do Trabalho, o grupo de indígenas estava alojado em um galpão de madeira com canchas de bocha pertencente a uma associação, sem piso adequado, paredes seguras ou cobertura em boas condições. Não havia dormitórios nem camas, e os trabalhadores dormiam em colchões espalhados pelo chão, atrás do bar, em áreas improvisadas e até dentro das canchas de bocha.

Os trabalhadores chegaram ao local em 7 de janeiro, com a promessa de início imediato na colheita da uva, carteira assinada e pagamento de diárias de R$ 150, além de alimentação e moradia. Apesar de terem realizado o exame médico admissional, o registro nunca foi efetivado. As diárias começaram a ser pagas apenas em 20 de janeiro, deixando os trabalhadores sem remuneração nas primeiras semanas.

Segundo relatos dos próprios trabalhadores, o alojamento chegou a abrigar cerca de 40 pessoas. O local, alugado de forma irregular pela empresa prestadora de serviços, foi interditado pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico na quinta-feira, 6.

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A empresa prestadora de serviços foi ainda notificada a quitar os valores devidos e custear o retorno dos trabalhadores às suas cidades de origem. Além disso, o MTE emitirá o Seguro-Desemprego Especial aos trabalhadores resgatados, garantindo-lhes três parcelas de um salário-mínimo. 

Fonte: Redação Terra
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