Operação policial nos complexos da Penha e do Alemão resultou em mais de 120 mortos, sendo considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro, com relatos de violência extrema.
Alex Rosário da Costa é um dos familiares que está na porta do IML, no Rio de Janeiro, aguardando por informações a respeito do corpo do filho, Iago Ravel Rodrigues Rosário, nesta quinta-feira, 30. O jovem está entre os 121 mortos após a megaoperação policial contra o Comando Vermelho, nos Complexos do Alemão e da Penha, na última terça-feira, 28.
Ao Terra, Alex desabafou sobre a crueldade policial e reclamou da falta de informações e demora para reconhecimento. "A cabeça do meu filho [Iago] estava presa em uma árvore", desabafou.
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Alex explicou que as pessoas que encontraram o corpo de Iago revelaram que o jovem havia sido 'decapitado'. Ainda segundo Alex, há relatos de que ao menos 13 mortos foram encontrados decapitados.
“Quem fez isso com o meu filho não é policial, é psicopata. Isso é carnificina, o meu filho se rendeu’”, declarou Alex.
Essa é a operação mais letal da história do estado, segundo números do Palácio Guanabara. O governo do RJ confirmou na quarta-feira, 29, 121 mortos, sendo 4 policiais e 117 suspeitos. Além das mortes, o secretário da Polícia Civil, o delegado Felipe Curi, disse que houve 113 presos, 33 nos estados do Amazonas, Ceará, Pará e Pernambuco.
Remoção dos corpos
Inicialmente as autoridades locais haviam confirmado 64 mortos, incluindo quatro policiais, após a megaoperação de terça-feira, 28. No dia seguinte a ação, moradores retiraram dezenas de corpos de uma área de mata do Complexo da Penha, elevando o número de vítimas fatais para 121.
Imagens que rodaram o País mostram moradores e familiares cercando os corpos de pessoas mortas no Complexo da Penha. Segundo o secretário, alguns desses registros ajudariam a apurar a conduta de moradores que, de acordo com ele, removeram evidências.
“Temos imagens de pessoas retirando as roupas dos marginais e colocando em via pública. Essas pessoas serão responsabilizadas”, declarou, referindo-se à investigação por fraude processual. Ainda segundo Curi, outros 58 corpos foram retirados pela polícia.
O secretário foi firme ao afirmar que os corpos levados à praça seriam de suspeitos que usavam 'roupas táticas' durante o confronto.