Motorista de app ajuda a prender americano suspeito de exploração sexual infantil no Brasil

Polícia suspeita que Floyd Wallace Junior vitimou entre oito e 12 vítimas no Rio

29 dez 2025 - 09h30
 Floyd Wallace Junior, de 30 anos, foi preso por suspeita de exploração sexual infantil no Brasil
Floyd Wallace Junior, de 30 anos, foi preso por suspeita de exploração sexual infantil no Brasil
Foto: Reprodução/TV Globo

A denúncia de um motorista de aplicativo levou a polícia a prender um influenciador americano suspeito de exploração sexual infantil no Brasil. A investigação que começou no Rio de Janeiro levou à captura de Floyd Wallace Junior, de 30 anos, no bairro da Liberdade, em São Paulo, na última semana. 

O caso passou a ser investigado pela Uber, no dia 8 de dezembro, após o motorista pegar uma corrida em Jacaré, zona norte do Rio. Ele contou ao Fantástico que, ao chegar no local indicado, duas meninas entraram no banco traseiro. 

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“Eu já fui começando a entender que se tratavam de crianças. Quando elas estavam em contato com a pessoa que pediu a corrida para elas, entre elas falavam: 'usa o google tradutor'. Essa coisa me chamou a atenção. Aí, então, eu comecei algumas perguntas, tipo: vocês sabem para onde vocês estão indo?'. E elas disseram que não. Foi começando a soar os alertas”, afirmou. 

O motorista passou a perguntar se as duas conheciam quem pediu a corrida, mas ele achou estranho ao ouvir que sim, enquanto as duas riam. “Eu passei um pouquinho do endereço de propósito e ele já estava do lado de fora”, explicou. Quem aguardava é Floyd. 

“Depois que eu deixei elas, eu ainda não fiquei totalmente confortável. Eu não tinha nenhuma evidência, nenhuma prova de crime. A minha preocupação máxima era essa: será que eu deixei essas duas crianças num perigo extremo? Eu não posso continuar a minha vida sem tomar nenhum tipo de providência", contou. 

Então, ele parou em um posto de gasolina e fez uma denúncia para a plataforma. Com a queixa, a Uber passou a fazer uma investigação interna para saber quem era o usuário que pediu a corrida. A empresa comunicou as autoridades. 

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Floyd Wallace Junior, de 30 anos, foi preso por suspeita de exploração sexual infantil no Brasil
Foto: Reprodução/TV Globo

"A Uber fez uma análise pretérita, prévia da conduta desse passageiro, e verificou que ele tinha uma suspeita muito grande da prática de exploração sexual e de turismo sexual. Dessa vez, a primeira viagem que a gente teve acesso foi no dia 8 de dezembro, e a última delas, foi dia 19 de dezembro, momento em que ele se evadiu e foi para São paulo", explicou a delegada Maria Luiza Machado. 

Câmeras escondidas

No início da última semana, ele foi preso. A polícia encontrou com ele câmeras escondidas – uma delas escondida em um relógio –, óculos de realidade virtual, bichos de pelúcia, cinco celulares, 12 pendrives e cartões de memória. “Ele possuía uma grande capacidade de produzir conteúdos”, reforçou a delegada. 

A polícia aponta que Floyd é influenciador e gravava as vítimas sem consentimento. Em um de seus canais na internet, ele fazia apologia à agressão contra policiais, enquanto no outro se apresentava como integrante do movimento ‘Passport Bro’. O movimento é conhecido por incentivar homens americanos e europeus a buscar relações sexuais em países considerados de terceiro mundo. Ainda conforme as autoridades, ele já tinha passagens por agressão, roubo e ameaça terrorista em três estados dos Estados Unidos. 

Os policiais apontam ainda que há suspeita de que ele tenha vitimado entre oito e 12 crianças no Rio. Ele é investigado por exploração sexual, favorecimento à exploração sexual de criança e adolescente e estupro de vulnerável. As investigações continuam para verificar se há envolvimento de uma rede criminosa ou de um intermediário para os crimes. 

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O motorista afirma que não se sente um herói, mas, sim, um cidadão. “Você gostaria, tipo, numa situação de perigo, que alguém olhasse por você, né? Eu falaria que a gente precisa ter compaixão com nós mesmos. Se você puder fazer um gesto de socorro, faça", pediu. 

Ao Fantástico, o consulado americano informou que está ciente do caso, mas não comenta detalhes por questões de privacidade.

Segundo a Uber, a partir do início do ano, todos os motoristas vão receber treinamento para identificar sinais de tráfico de pessoas. A plataforma firmou ainda uma parceria com a ONG The Exodus Road Brasil, que atua no combate à exploração sexual infantil. 

Fonte: Portal Terra
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