No maior mercado do mundo para veículos 100% elétricos seria natural concluir que motores a combustão interno estariam condenados ao abandono em curto prazo. No máximo seriam utilizados para acionar geradores a bordo que recarregam baterias e estender o alcance de carros elétricos em países de grande extensão territorial (como a China), onde a infraestrutura de recarga em estradas é rarefeita e cara.
Todavia, vem exatamente da China a notícia de que as marcas Omoda e Jaecoo, do Grupo Chery, apresentaram em evento local realizado pelo conglomerado um motor a gasolina em desenvolvimento que rompe com todas as referências ou limites conhecidos até agora. Pormenores foram revelados pelo site português Razão Automóvel.
Motor alcança eficiência até antes inimaginável
Para se ter ideia deste avanço basta saber que motores atuais a gasolina de aspiração natural apresentam limite de 13:1 de taxa de compressão (apenas a japonesa Mazda trabalha com taxa exclusiva de 15:1, no motor Skyactiv-X). O que está em desenvolvimento na China funciona com nada menos de 26:1, o dobro. As câmaras de combustão suportam pressões internas superiores a 350 bar.
O sistema de recirculação de gases de escapamento (EGR, na sigla em inglês) alcança um percentual extremamente elevado de 35% para permitir baixar a temperatura da combustão, sem penalizar o rendimento. A eficiência térmica dos melhores motores a gasolina supera por pouco os 30%. Pois este alcança 48%, muito acima de motores Diesel. E para terminar: o movimento dos pistões é controlado por um mecanismo triplo de bielas hiperbólicas.
Linguagem técnica demais — reconheço —, mas foi necessária para se ter ideia do que o futuro pode representar em termos de evolução. Claro, não há garantia de que este motor possa ser fabricado a preço razoável algum dia ou se enquadre em leis severas de emissões.
Enquanto isso, a Europa permanece dividida em relação à proibição de venda de automóveis com motores a combustão, a partir de 2035. Enquanto Alemanha e Itália continuam a defender algum grau de flexibilidade, França e Espanha são contra. Mas agora estes dois países já admitem subsídios aos fabricantes que produzem veículos elétricos e seus componentes na Europa.