Atropelamentos por SUVs têm 27% mais chances de causar morte

Tendência de crescimento da altura dos capôs ao longo dos anos causa preocupação alto risco de acidentes

22 jun 2025 - 13h34

Um novo levantamento da Federação Europeia de Transportes e Ambiente (T&E) aponta que os carros novos vendidos na Europa estão ficando cada vez mais altos — e, por isso, representam um risco ainda maior para pedestres, por exemplo.

Segundo o estudo, desde 2010 a altura dos capôs dos veículos cresceu, em média, 0,5 cm por ano. Em 14 anos, esse aumento acumulado chega a cerca de 7 cm, passando de 76,9 cm para 83,7 cm. O principal motivo é o crescimento da popularidade dos SUVs, que hoje representam 54% do mercado europeu.

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A T&E alerta que essa tendência traz consequências graves para a segurança no trânsito. Um estudo complementar feito na Bélgica, com base em 300 mil atropelamentos, indica que um capô 10 cm mais alto pode aumentar em até 27% o risco de morte de um pedestre, mesmo em velocidades típicas de áreas urbanas.

"Em colisões, os SUVs e as picapes com capôs altos tendem a atingir os pedestres adultos na região dos órgãos vitais e acima do centro de gravidade, projetando-os ao solo com alto risco de serem atropelados e presos sob o veículo", destacou a associação ambientalista portuguesa ZERO, que integra a T&E.

Capôs elevados implicam em perda de visibilidade, indica estudo

O estudo também chama atenção para a perda de visibilidade causada por esses capôs elevados. "Capôs altos reduzem significativamente o campo de visão dos motoristas, podendo até eliminá-lo em alguns casos, o que dificulta ou impede enxergar crianças", explica a entidade. Em um Land Rover Defender, por exemplo, o condutor não consegue ver uma criança de 1,15 m que esteja a apenas 1,5 metro à frente do SUV.

Com base nesses dados, a T&E e outras 30 entidades propuseram à União Europeia que seja estabelecido um limite de 85 cm para a altura do capô de novos modelos a partir de 2035. Para viabilizar essa mudança, solicitam que uma proposta legislativa seja apresentada até julho de 2027.

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Outra sugestão é que, até 2030, informações como altura e largura do veículo passem a constar nos cadastros oficiais, assim como já acontece com peso e emissões. Também propõem a inclusão de um novo critério nos testes do Euro NCAP: o "teste de visibilidade infantil".

Grandes centros europeus já consideram medidas próprias

Peugeot 3008
Peugeot 3008
Foto: Acervo Estadão e Divulgação / Estadão

Enquanto isso não se torna norma ao nível europeu, algumas cidades já discutem medidas próprias. Paris, Lyon, Aachen e Cardiff consideram cobrar mais caro pelo estacionamento de veículos grandes. Em Londres, o parlamento local já recomendou a criação de limites legais para altura e largura dos automóveis.

A ZERO também faz um apelo ao governo português e às autoridades locais para que "adaptem impostos e tarifas de estacionamento para desencorajar o uso desses veículos, tomando como referência inicial o peso — atualmente o melhor indicador indireto da altura do capô disponível".

Embora a indústria automotiva alegue que recursos como frenagem automática de emergência (AEB) e câmeras 3D compensem os riscos, a posição da T&E e de especialistas em segurança é clara: "mesmo com tecnologia, um capô mais baixo é sempre mais seguro para os pedestres".

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