Jogamos: Dispatch é o jogo de super-heróis que você não sabia que queria jogar

Com clima de série e heróis desajustados, o novo projeto da AdHoc Studios mistura humor e drama em boa medida

6 nov 2025 - 15h37
Jogamos: Dispatch é o jogo de super-heróis que você não sabia que queria jogar
Jogamos: Dispatch é o jogo de super-heróis que você não sabia que queria jogar
Foto: Reprodução / AdHoc Studio

Alguns jogos aparecem sem fazer barulho e acabam chamando atenção justamente por isso. E Dispatch é um desses casos. O novo projeto da estreante na indústria AdHoc Studios, formada por ex-desenvolvedores da Telltale Games, responsável por títulos como The Walking Dead e The Wolf Among Us, parece simples à primeira vista, mas ganha força quando mistura o caos do cotidiano de heróis frustrados com o formato de uma série interativa cheia de bons momentos.

Entre piadas, dilemas e conversas que poderiam muito bem acontecer em um escritório real, o jogo encontra um equilíbrio curioso. Ele brinca com clichês de super-heróis e, ao mesmo tempo, mostra o lado humano por trás das máscaras, sem perder o ritmo nem o senso de humor.

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The Office de heróis 

O primeiro episódio serve basicamente como uma introdução para o universo criado pela AdHoc em colaboração com a Critical Role, conhecida por criar histórias dentro do mundo de D&D e pela excelente série animada A Lenda de Vox Machina.

A trama gira em torno de Robert Robertson, o terceiro herdeiro da geração dos Homens-Meca. Após o assassinato do pai pelas mãos de Mortalha, nosso herói decide se vingar para finalmente ter paz consigo mesmo. Mas, obviamente, nada sai como planejado. Esse era justamente o plano do vilão para roubar o núcleo que estava dentro da armadura — só que ela acaba se perdendo após explodir.

Sem o que definia sua identidade de herói, Robert decide se aposentar publicamente, perdendo completamente o rumo. Ele vivia apenas para ser um herói, e agora precisa lidar com o vazio de não ter mais um propósito. É aí que entra Loira Luminar, uma das heroínas mais conhecidas daquele universo, que o convence a consertar a armadura em segredo. Durante esse tempo, Robert começa a trabalhar na empresa RES, responsável por enviar heróis para lidar com problemas nas cidades.

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Foto: Reprodução / Matheus Santana

Pode parecer que muita coisa acontece nesse primeiro episódio, mas a desenvolvedora soube dosar bem o ritmo. Cada capítulo realmente se parece com uma série semanal, com cerca de uma hora de duração, começo, meio e fim bem definidos, sempre deixando aquela vontade de continuar para ver como os eventos anteriores vão impactar o próximo.

Os episódios seguintes exploram mais o lado humano de Robert, mostrando sua tentativa de se adaptar à vida fora da armadura e criar novos laços com uma equipe de heróis desajeitados que antes eram vilões. A Equipe-Z não o leva muito a sério por acharem que ele é só mais um zé-ninguém na empresa, e isso rende bons momentos nos diálogos, especialmente quando ele decide enfrentá-los sem medo.

As escolhas de diálogo, no entanto, estão um pouco abaixo do que os ex-desenvolvedores do estúdio Dispatch já produziram. A maioria traz aquele aviso clássico de que “o personagem vai se lembrar disso”, mas as consequências acabam sendo tímidas. As poucas decisões com impacto real envolvem Flambae, Invisiva e Loira Luminar, mas vale a pena deixar essas descobertas para quem for jogar.

Foto: Reprodução / Matheus Santana

Uma das formas de quebrar a sensação de “filme interativo” é a função do jogador dentro da empresa. No escritório, atuamos como despachante, escolhendo quais heróis enviar para cada missão. Elas variam bastante e exigem decisões estratégicas, já que mandar mais de um herói para uma tarefa pode deixar outra descoberta. A tela de conclusão mostra a porcentagem de sucesso de cada missão, o que ajuda a entender quais combinações funcionam melhor.

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Os ex-vilões que agora tentam ser heróis possuem diferentes notas de desempenho. Quem jogou os antigos PES (Winning Eleven) vai notar a semelhança no gráfico que mostra seus atributos, como força, carisma e outras habilidades úteis. Cada um tem suas vantagens. O Golem, por exemplo, é ótimo em defesa, enquanto Flambae se destaca em missões que exigem mais ofensiva. Enviar certos heróis em dupla também ativa um sistema de sinergia que melhora com o tempo, como usar Sonar e Malévola juntos para aumentar a taxa de sucesso da missão.

O que achei curioso é que, antes de começar o jogo, há uma opção para ativar os eventos rápidos, os famosos QTEs. Mas apenas o primeiro episódio realmente faz uso disso, e é justamente o mais cheio de ação. Do segundo episódio em diante, essa mecânica desaparece, o que causa uma sensação estranha, já que parecia algo que seria constante ao longo da série.

Considerações

Dispatch tem aquele tipo de carisma que prende mais pelo clima do que pelas escolhas. A escrita é boa, os personagens têm química e a dinâmica entre eles deixa cada episódio leve de acompanhar. Mesmo quando as decisões não mudam tanto o rumo da história, o jeito como tudo se desenrola mantém o interesse até o fim.

A AdHoc Studios acerta ao construir esse universo de heróis imperfeitos, equilibrando humor e momentos mais sinceros sem deixar o ritmo cair. A sensação de estar vendo uma boa série é o que mais se destaca, e por isso Dispatch é um jogo para ficar de olho quando a temporada chegar ao fim, já que o estúdio ainda tem muito a explorar com esses personagens e esse formato.

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Dispatch esta disponível para PC e PlayStation 5.

Fonte: Game On
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