Carlomagno nega cessão de camarotes e diz não ter recebido dinheiro no São Paulo

Superintendente do Tricolor nega envolvimento em esquema clandestino e pede apuração rigorosa após ser citado nas ligações

16 dez 2025 - 10h45
(atualizado às 10h45)
Ex-esposa de Júlio Casares está envolvida na investigação dos camarotes –
Ex-esposa de Júlio Casares está envolvida na investigação dos camarotes –
Foto: Reprodução / instagram / Jogada10

Márcio Carlomagno, superintendente geral do São Paulo, se manifestou após estar sendo citado em uma polêmica envolvendo a venda ilegal de ingressos e uso indevido de camarotes no Morumbi, que veio à tona com o vazamento de áudios. O caso envolve Mara Casares, ex-companheira de Julio Casares, presidente do clube, e Douglas Schwartzmann, diretor adjunto das categorias de base.

Em entrevista ao "Ge", Carlomagno esclareceu os pontos levantados e se defendeu das acusações. O dirigente, que é funcionário de carreira do clube, afirmou que a cessão do camarote da presidência à Diretoria Feminina foi feita a pedido de Mara Casare. Contudo, garantiu que a utilização não tinha autorização formal.

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"Sou um funcionário de carreira aqui. Não sou político. Fui confundido com um ente político, mas sou um funcionário. Estou trabalhando incessantemente para o São Paulo atingir o superávit e diminuir a dívida. Se em algum momento algo recair sobre mim diretamente, serei o primeiro a pedir licença do cargo. Mas, no momento, não há razão para isso. Estou sendo citado em um áudio, e entendo que usaram meu nome como ferramenta de pressão", explicou Carlomagno.

Além disso, Carlomagno também enfatizou que não havia autorização para a venda de camarotes e reforçou seu desejo de que o caso tenha seu desfecho esclarecido.

"Sou um dos que mais quer ver os fatos elucidados. Pedi a instauração de uma sindicância interna e externa, mas sendo que a externa precisa ser independente. Também vou estar sendo ouvido nesse processo", afirmou.

Envolvimento no esquema

Em toda a entrevista, Carlomagno nega qualquer participação no esquema com os outros conselheiros. Além disso, reforça que não ganhou dinheiro algum por conta dos camarotes.

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"Não, de forma alguma. Não ganhei dinheiro. A única coisa que ganhei foi um grande problema para a gente resolver. Acho que até a sindicância instaurada é exatamente pra isso. Pra entender o que é o "todo mundo ganhou". Eu não sei o que é. O São Paulo precisa entender se alguém ganhou, se alguém perdeu. Esse é o grande ponto do áudio dele. Mas eu não tenho nenhuma relação financeira com esse processo", diz o diretor, que segue.

"A gente precisa ter o entendimento que na base tem uma governança. Temos quatro ou cinco abnegados, alguns executivos, e os contratos passam por várias áreas até chegar no momento final da assinatura. Eu não acredito que tenha algo dentro de Cotia, honestamente não acredito, até porque ali é o ponto central do São Paulo. E ali tentamos cuidar da melhor maneira possível", completou.

A sindicância no São Paulo

O São Paulo abriu, nesta segunda-feira (15), duas sindicâncias, uma interna e outra externa, para apurar o caso do camarote. Aliás, a expectativa é que ambas sejam concluídas em um prazo de 30 dias. Uma auditoria independente será responsável por fazer o trabalho externo. O clube investiga a situação para entender o que de fato aconteceu e o que os diretores queriam dizer na conversa vazada.

"Ela foi instaurada de manhã por um procedimento tanto do Compliance como do Jurídico, haverá um relatório final depois de todos os envolvidos, inclusive eu que serei ouvido, ela vai ter um relatório que dará sugestões tanto para a parte política como para a parte trabalhista. Ela vai escutar as partes, olhar o processo e entender o que aconteceu internamente através de documentos e vai fazer um relatório indicando quais as possíveis punições, se há culpado, quem são e como são e como vai funcionar", explica Carlomagno.

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Ex-esposa de Júlio Casares está envolvida na investigação dos camarotes –
Foto: Reprodução / instagram / Jogada10

Outras cobranças

Em relação ao vazamento dos áudios, Carlomagno acredita que seu nome foi envolvido indevidamente pelos diretores, com o possível objetivo de pressionar a intermediária Rita de Cassia Adriana Prado a retirar um processo que poderia expor o clube. Além disso, a cantora Shakira, que se apresentou no Morumbi em fevereiro de 2025, também está envolvida em uma disputa judicial relacionada ao evento, com uma ação de cobrança movida pela The Guardians contra a Cassemiro Eventos, acusada de não quitar valores de um camarote criado para o show. O contrato de R$ 132 mil, com vencimento em 11 de fevereiro, ainda está sendo discutido judicialmente.

Entenda a polêmica no São Paulo

O direito ao uso do camarote, segundo o áudio, foi repassado pelos dirigentes a Rita de Cassia Adriana Prado, intermediária no esquema e a terceira pessoa que aparece na conversa. Aliás, era ela a responsável pela exploração do espaço e vendeu ingressos, que chegaram a custar até R$ 2,1 mil cada na apresentação da cantora colombiana. Apenas com o camarote 3A, o faturamento seria de R$ 132 mil.

Em outros momentos da ligação, Douglas Schwartzmann admite que Marcio Carlomagno estava ciente de tudo o que acontecia. Contudo, se preocupava com o que pode acontecer com o superintendente.

"Eu não tenho camarote lá. Veio de quem? O que vai acontecer: a Mara vai ter que se explicar. Mas como é que faz no clube a hora que souber que ela te deu um camarote para explorar? Você vai acabar com a vida da Mara dentro do clube. E do Julio, porque ela é (ex) mulher do Julio. E o Marcio vai ser mandado embora, porque foi ele quem concedeu o camarote para ela (Mara). Eu não tenho nada com isso, não tenho meu nome em nada", diz um trecho da ligação.

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Aliás, em outro momento da ligação, Douglas assume que "ganhou" com o repasse de camarotes. No áudio, porém, apenas o espaço no show da Shakira está sendo discutido entre o trio.

"E vou repetir uma coisa. Você é uma pessoa que a Mara confiou. Eu só entrei nisso porque a Mara me garantiu que você era de total confiança. Desde o primeiro dia que eu te falava isso. Não podemos fazer coisa errada aqui. Então, teve negócio que você ganhou dinheiro, eu ganhei, todo mundo ganhou. Mas tudo aconteceu na confiança. Coisa errada? Errou, tem que comer com farinha. Não tem jeito, querida.

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