Bimundial por Seleção e Santos, Zito morre aos 82 anos

15 jun 2015 - 00h12
(atualizado às 07h53)

O futebol brasileiro lamenta a perda de um nome histórico. José Ely de Miranda, o lendário Zito, bicampeão mundial com a Seleção Brasileira e com o Santos, morreu na noite deste domingo, aos 82 anos. A diretoria do clube paulista já decretou sete dias de luto em função do falecimento de Zito. O velório está previsto para a manhã desta segunda-feira, no Memorial Necrópole Ecumênico no Marape, em Santos. O corpo será sepultado na cidade de Roseira, interior paulista.

Além de sua trajetória vencedora como jogador, Zito é lembrado mais recentemente por ter sido o responsável por levar Neymar ao Santos. No Twitter, o principal jogador da Seleção fez questão de prestar sua homenagem ao ídolo do Santos que nos deixou neste domingo.

Publicidade
Campeões da Copa de 1970 são homenageados em evento da CBF
Video Player

O Santos também usou o Twitter para realizar um breve e belo tributo a Zito:

Após conquistar mais de 20 títulos importantes na carreira, o "General" Zito se aposentou em 1967. Ele ainda trabalhou com as categorias de base do Santos, mas atualmente morava na Praia de Gonzaga e às vezes ia para seu sítio em Roseira, cidade no interior de São Paulo, onde nasceu.

O "General" da Era Pelé

O primeiro clube que deu chances a Zito foi o Esporte Clube Taubaté, que atualmente está subiu neste ano para divisão paulista. Ele jogou lá entre 1948 e 1951, quando começou a se destacar. O Santos observou seu talento e o contratou, fato decisivo para começar a melhor época do clube, a Era Pelé.

Publicidade

Zito era um volante que fazia o "trabalho sujo" para os outros craques do time, como Pelé, Pepe e Coutinho, poderem brilhar. Mas ele não se contentava em só destruir as jogadas dos adversários. Também ajudava na saída de jogo e aparecia na área para concluir, sendo um dos primeiros volantes com essa capacidade na época.

Tão importante quanto essas qualidades foi a capacidade de liderança. Zito ficou conhecido como o "General" daquele time por sempre dar orientações e até broncas nos principais astros do time.

Foi com essa mistura de talento e vigor que o Santos conquistou uma sequência de títulos impressionante: foram 9 campeonatos paulistas, 3 Rio-São Paulo, 5 brasileiros, 2 Libertadores e 2 Mundiais enquanto Zito esteve lá. Ele resolveu parar de jogar aos 35 anos e depois o Santos começou a viver o fim da sua hegemonia.

Zito foi bicampeão mundial com a Seleção e com o Santos, assim como Pepe (dir.)
Zito foi bicampeão mundial com a Seleção e com o Santos, assim como Pepe (dir.)
Foto: Ivan Storti/Santos FC / Divulgação

Três Copas, dois títulos e um gol decisivo

É claro que a participação de Zito na Seleção Brasileira também foi um grande sucesso. Ele participou de três Copas do Mundo (1958, 1962 e 1966) e venceu duas, com um gol decisivo na final de uma delas.

Publicidade

Em 58 ele começou como reserva. Porém, durante a competição, integrou o grupo de jogadores que ganhou espaço e mudou o rumo da Seleção Brasileira. Pelé, Garrincha, Vavá e ele começaram a marcar época no time nacional.

Na Copa seguinte, em 62, a participação de Zito foi ainda mais marcante: na final contra a Tchecoslováquia, o Brasil empatava por 1 a 1 até os 24min do segundo tempo, quando Zito fez gol que abriu caminho para vitória por 3 a 1 e o bicampeonato.

Em 66, Zito não conseguiu se destacar no fracasso que foi a participação da Seleção Brasileira na Copa. O time foi eliminado ainda na fase de grupos.

Olhar apurado para talentos

Ao contrário do que muitos esperavam, Zito não quis se tornar técnico quando encerrou a carreira. Mas o Santos aproveitou seu talento após a aposentadoria: ele foi observador e coordenador das categorias de base do clube. É apontado como um dos responsáveis pela revelação das gerações de Robinho e Neymar.

Publicidade

Nos últimos anos, porém, Zito tinha se afastado da diretoria e ficado apenas como sócio remido do clube. Afastou-se do futebol e viveu tranquilamente até sofrer o AVC, do qual se recuperou em 2014. A causa da morte neste domingo não foi revelada. 

Zito sempre será lembrado como o "General" que ditou os rumos do jogo na época mais brilhante do futebol brasileiro.

Confira abaixo a nota oficial do Santos:

"O Santos FC está de luto. Faleceu, aos 82 anos, nesse domingo (14), o eterno Capitão Zito. O clube decretou luto de sete dias e todas as comemorações, homenagem ao Dia Modesto Roma e lançamento do livro do título do Campeonato Paulista, marcadas para essa segunda-feira (15) foram suspensas.

O corpo de José Ely de Miranda será velado no Memorial Necrópole Ecumênico, no Bairro Marapé, em Santos, das 8 às 11 horas. O enterro será em Roseira, no interior de São Paulo, cidade natal de Zito.

Publicidade

O eterno capitão

Zito nasceu em 8 de agosto de 1932, na cidade de Roseira, no interior de São Paulo. Jogou no Santos FC de 1952 a 1967. Foi o capitão daquele considerado o maior time de todos os tempos, com Dorval, Mengávio, Coutinho, Pelé e Pepe. Entre os muitos títulos, foi Bicampeão da Libertadores da América e Bicampeão Mundial de Clubes, em 1962 e 1963. Jogou 727 partidas com a camisa do Peixe e marcou 57 gols.

Pela seleção brasileira foi titular nas conquistas das Copas do Mundo de 1958 e 1962, marcando um dos gols na final contra a Tchecoslováquia, no jogo do bicampeonato do Brasil.

O Santos FC lamenta a morte de um dos maiores jogadores de toda a história, não só do Clube, mas como do futebol mundial."

Gazeta Esportiva
Curtiu? Fique por dentro das principais notícias através do nosso ZAP
Inscreva-se