Após condenar publicamente em algumas oportunidades casos de racismo no futebol, a presidente Dilma Rousseff recebeu na tarde desta quinta-feira o volante Tinga, do Cruzeiro, e o árbitro Márcio Chagas da Silva. Ambos têm em comum o fato de terem sofrido insultos racistas por parte de torcedores recentemente.
A presidente recebeu jogador e o árbitro em uma agenda com os ministros Aldo Rebelo (Esporte), Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) e Luíza Bairros (Igualdade Racial).
“Se isso (o encontro) pode chamar a atenção ou não, a gente só vai ver ao longo do tempo. Eu continuo tendo a minha opinião formada de que no nosso país temos todos os tipos de preconceito”, disse Tinga. “Acredito que importante é que ela (Dilma) se preocupou com o que aconteceu no último mês”, acrescentou o volante.
Márcio Chagas deixou de participar do julgamento do seu caso na Justiça desportiva gaúcha para se encontrar com a presidente. Ele defende um rigor maior na punição de atos como esses. “Não digo que as leis sejam frouxas, mas digo que deveriam ser mais incisivas”, afirmou. Mais cético, Tinga disse acreditar apenas que a educação seja o meio para coibir racismo na sociedade brasileira. “Espero que tenha punição, mas não espero que a punição vá mudar ou não (o cenário)”.
Já o árbitro Márcio Chagas da Silva foi alvo de racismo ao apitar o jogo entre Esportivo e Veranópolis pelo Campeonato Gaúcho, no último dia 6. Ele foi ofendido antes mesmo da partida e ao deixar o estádio encontrou bananas no carro. A Justiça Desportiva do Rio Grande do Sul também vai decidir se punirá o Esportivo, mandante do jogo, com multa e perda de pontos no campeonato.
Por meio de sua conta no Twitter, Dilma afirmou que “é inadmissível que o Brasil, a maior nação negra fora da África, conviva com cenas de racismo”. A presidente disse ter acertado com a Fifa e com as Nações Unidas que a Copa do Mundo no Brasil será um mundial pela paz e contra o racismo.
“As coisas estão encaminhadas nesse sentido. A Fifa criará com apoio do governo brasileiro mecanismos pelos quais atletas e árbitros manifestem sua condenação e seu repúdio ao racismo”, disse o ministro do Esporte, Aldo Rebelo.