Jefferson relembra sua dedicação ao Botafogo mesmo em momentos difíceis, como a recusa a propostas da Europa durante a Série B, destaca a importância da paciência com os goleiros atuais e revela desejo de voltar ao clube como preparador no futuro.
Jefferson sabe que sua história com o Botafogo vai muito além de qualquer título ou vitória dentro de campo. Muito antes de o torcedor sonhar com os títulos da Libertadores e do Brasileirão, o goleiro protagonizou uma prova de amor e gratidão ao Glorioso: ignorou salários atrasados e recusou propostas da Europa para permanecer em General Severiano durante a Série B.
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“A minha identificação com o Botafogo é algo no momento mais difícil do clube. O Bebeto [de Freitas, ex-presidente do clube] falou na época e mexeu muito com a gente: ‘se vocês não fizessem o que fizeram esse ano, o Botafogo ia fechar as portas’. Tudo que o Botafogo está vivendo hoje, jogadores lá atrás que tiveram que carregar o piano. Muitos estão tocando piano hoje, mas muitos tiveram que carregar o piano. Foi lealdade, não abandonar o momento que o clube mais precisou. Acho que esses são os nossos verdadeiros títulos lá atrás”, conta em conversa com o Terra.
Essa história de amor --que virou até mesmo bandeirão da torcida alvinegra e pintura no muro dos ídolos-- começou com um empréstimo junto ao Cruzeiro para a disputa da Série B de 2003. O ‘casamento’ deu certo logo de cara, mas foi em uma segunda passagem que a relação criou laços que jamais serão esquecidos pelos botafoguenses.
Após passagem pelo futebol turco, o Botafogo abriu as portas para Jefferson quando ninguém mais confiava em seu potencial. O acordo aconteceu, inicialmente, com um contrato de três meses para a disputa do Brasileirão de 2009. Mas os poucos meses viraram quase 10 anos de vínculo, com o ponto alto indo além dos títulos conquistados.
Em 2014, quando era figurinha constante na Seleção Brasileira, Jefferson conseguiu se destacar no elenco que caiu para a Série B do Campeonato Brasileiro. Com a crise financeira e salários atrasados, o goleiro se tornou alvo de times do mundo todo, incluindo o Santos e o Tottenham, da Inglaterra. Neste momento, porém, a gratidão falou mais alto e o camisa 1 sequer quis ouvir as propostas.
“Eu não poderia sair do Botafogo naquele momento. Estava com dez meses atrasados, mas não poderia sair. Seria uma ingratidão total. No momento em que precisei, o Botafogo abriu as portas para mim. Sinceramente, não pensei na questão da Seleção, se ia prejudicar ou não. Falei que iríamos subir e, se eu tivesse que sair depois de 2016, eu sairia. Foi realmente algo recíproco que fiz com o Botafogo. Não deixei o Botafogo na mão. Não vou falar que paguei a dívida, porque não era uma dívida, mas era algo que eu precisava fazer.”
Após a recusa ao futebol europeu, Jefferson seguiu no Glorioso até o fim da carreira, em 2018, com 459 jogos disputados. Sua história na Seleção Brasileira, porém, chegou ao fim justamente em 2015.
Quando pendurou as luvas, o ex-camisa 1 iniciou uma nova vida nos Estados Unidos, onde, hoje, trabalha como preparador de goleiros do Orlando City. Mesmo de longe, o ídolo continua torcendo pelo Botafogo e, claro, opinando sobre o momento do clube.
Expectativas de um novo retorno
Ao analisar a temporada de 2025, Jefferson sentiu falta da continuidade do elenco, que alcançou os títulos da Libertadores e do Brasileirão no ano anterior. Para um 2026 melhor, o lado torcedor do ex-goleiro pede por algumas peças no elenco.
“O Botafogo já tem uma característica de jogo. O que fez muita diferença foram os jogadores de lado. O Botafogo tinha um meio muito rápido. Hoje, a característica mais importante é a marcação. Mas, para sair em transição, o Botafogo precisa ter jogadores que saiam rápido. O Botafogo precisa de jogadores com essa transição rápida que deu certo, mas para isso precisa ter jogadores de lado”, reflete o ídolo.
Entre idas e vindas, a temporada botafoguense foi marcada pela conturbada saída de John rumo ao Nottingham Forest, da Inglaterra. Como alternativa, o Botafogo buscou a contratação de Neto junto ao Bournemouth.
O recém-chegado, porém, mal teve tempo de entrar em campo e se machucou em sua quarta partida, fazendo Léo Linck assumir a titularidade. Quanto aos dois goleiros, o ex-camisa 1 entende a importância de o torcedor ter calma no processo de adaptação.
"Vale a pena iniciar o ano dando essa oportunidade para os goleiros que estão aí. O próprio John teve seus altos e baixos, mas melhorou bastante e decolou. Temos que ter um pouco mais de paciência e poder dar oportunidade pra esses que estão no clube", completa.
Para o futuro, Jefferson ainda espera um dia voltar ao Botafogo como preparador de goleiros. Enquanto isso não acontece, ele segue trilhando seu caminho nos Estados Unidos.