F1: Por que a Pirelli pediu 2 paradas obrigatórias no Catar?

A decisão de 2 paradas obrigatórias no GP do Catar veio em nome da "segurança". Mas por que a Pirelli escolheu ser conservadora novamente?

17 nov 2025 - 11h47
Pirelli e seus pneus: um fator decisivo na F1
Pirelli e seus pneus: um fator decisivo na F1
Foto: Pirelli Motorsport

Dias atrás, havia surgido a noticia de que a F1 estaria discutindo a introdução de mais uma parada obrigatória nas corridas para forçar uma maior movimentação durante as provas. Oficialmente, o tema foi discutido na Comissão de F1 e decidido que o assunto seria melhor avaliado em 2026...

Coincidentemente, PIrelli, FIA e F1 comunicam nesta segunda (17) que o GP do Catar terá obrigatoriamente 2 paradas, já que a fabricante de pneus decidiu, por precaução, que os pneus não poderão passar por sequencias de voltas (stints) maiores do que 25 voltas. Como a corrida tem 57 voltas programadas...

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Segundo a Pirelli, esta decisão foi tomada considerando o tipo de asfalto e os esforços que o pneu sofre diante das curvas do traçado de Lusail em termos térmicos e desgaste. É uma repetição do quadro que vimos no mesmo local em 2023, quando as zebras colocadas na época colocaram em risco a integridade dos pneus, gerando microdanos nas laterais dos pneus.

Cabe lembrar que a Pirelli indicou os compostos mais duros da sua gama para esta prova (C1/C2/C3) e que a corrida se dará à noite, quando a temperatura ambiente é mais baixa. Mesmo assim, decidiu usar esta ação de limitação, no mesmo sentido do ano passado.

Temperaturas do GP do Catar de 2023
Foto: Pirelli Motorsport

Porém, por que a Pirelli tomou esta ação?

Temos que recordar que os pneus não são somente borracha e ar. Além disso, é a composição de diversos outros componentes para dar forma aos pneus. Além disso, para garantir sua integridade, é utilizada uma série de itens como malha de aço e kevlar para aguentar as exigencias de uma corrida.

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Aqui tem um video legal feito anos atrás mostrando literalmente como é um pneu de F1 por dentro...

No caso de um pneu de competição, ele tem que levar em conta também configurações de suspensão, como cambagem e convergência. Não é a toa que se fala há muito que um carro de corridas é desenhado a partir do pneu. E nos ultimos tempos, para evitar que os times passem de limites de segurança, categorias como a F1 e o FIA WEC definem quais são os acertos básicos, bem como as pressões minimas de uso.

Definições de pressão e camber feitas pela Pirelli para Interlagos
Foto: Pirelli Motorsport

No caso do Catar, os pneus sofrem pelo fato de ser um asfalto mais abrasivo, mais poroso e das diferenças de temperatura. No caso das escolhas feitas para o GP do Catar, a janela de temperatura vai de 80ºC até 140º C. O objetivo das equipes é tentar manter os pneus funcionando ao máximo dentro deste intervalo para conseguir extrair o melhor desempenho do pneu, aumentando o seu uso e evitando o chamado "penhasco", que é quando o pneu perde qualidade de forma brusca. 

Janela de temperatura do funcionamento dos pneus escolhidos para o Catar
Foto: Pirelli

Além de se preocupar com a gestão da temperatura, as curvas e zebras do Catar acabam sendo fatores de risco. Estamos acostumados a ver nas transmissões o dado de quantas vezes o piloto é afetado pela força da gravidade (força G). Os pneus também sofrem com isso. Imagine ter que ter contato com o chão, sofrer a questão termica e ainda lidar com as forças físicas? Não é a toa que, algumas vezes, vemos os pneus distorcendo em algumas cuvas. É também uma forma de evitar furos e outros danos.

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Comparativo pneu F1 x pneu de carro de rua
Foto: Driver 61 / Youtube

A questão é: como espectadores, seria interessante vermos pneus se decompondo e os pilotos terem que fazer das tripas coração para administrar os compostos para chegar até o final. Porém, temos que lembrar que as corridas de carro também servem para vender produtos e projetar respeitabilidade. Como então uma fabricante de pneu pode deixar seu produto falhar diante de bilhões de pessoas? E a segurança? Por isso, a definição.

Hamilton no final do GP da Grã-Bretanha de 2020: ótimo para os fãs, nem tão bom para a Pirelli
Foto: F1

Não poderia a Pirelli fazer ações para que isso não acontecesse? Ao longo do tempo, a fabricante foi mudando a construção dos pneus para torná-los mais resistentes. Entretanto, isso impacta em mudanças de processos e até em possíveis aumentos de peso. Qualquer mudança neste tipo também tem que ter a anuência das equipes e da FIA. Fazer um modelo específico para este tipo de corrida também não é válido, até porque a construção destes pneus é feita com quase 2 meses de antecedência.

Enfim, agora a segurança entra em campo. Mas de uma forma bem conveniente para a F1 e a Pirelli.

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