Alan Fonteles foi à Paralimpíada de Londres como um promissor atleta. Ele deixou a competição como um campeão e como o homem que superou o astro Oscar Pistorius na final dos 200 m. Agora o brasileiro chega ao Mundial de Atletismo de Lyon sob as atenções gerais e com a pretensão de se tornar um astro do esporte. E as coisas mudaram bastante desde os Jogos de 2012.
"Por tudo que fiz em Londres, por ter ganhado a medalha, os atletas me olham de uma maneira diferente aqui. 'É o Alan Fonteles ali, é o Alan que vai correr agora'. Fica a expectativa para que eu possa ganhar a prova de novo. Ainda bati o recorde mundial na Alemanha", disse o paraense, que em junho quebrou o recorde mundial dos 100 m no Grand Prix de Berlim, com um tempo de 10s77.
"Em treinos, os atletas e os treinadores ficam me olhando trabalhar. Por onde eu passo as pessoas me olham e me conhecem. Vim para o Mundial sabendo da responsabilidade que tenho. Sei o quanto estou sendo acompanhado por todos. Claro que a cobrança vai ser maior, mas quero fazer mais no Mundial", afirmou.
Segundo conta o paratleta, a conquista o ouro em Londres fez com que fosse mais reconhecido no Brasil e lhe garantisse uma vida mais tranquila, além de receber um aumento de seus patrocinadores. As próximas metas de Fonteles. O brasileiro tem como objetivos baixar o recorde dos 100 m, quebrar a marca dos 200 m e conquistar "tudo".
"Não sei dizer onde posso chegar, só quando eu chegar e encerrar que vou saber. Hoje quero correr, ganhar o Mundial, chegar na Paralimpíada do Rio e ganhar a maior quantidade de medalhas que eu puder. Já disseram que em 2016 os biamputados vão correr em torno de 10s60 e eu quero estar entre eles. Também quero correr os 200 m em 20s e fazer meu melhor sempre. O principal é ganhar o Mundial aqui, ganhar o Mundial de 2015 e ganhar a Paralimpíada de 2016", projetou.
Novo astro?
Até o último mês de fevereiro, Oscar Pistorius era o grande nome do movimento paralímpico. O sul-africano, entretanto, foi detido por matar a própria namorada em sua casa, e, apesar de estar em liberdade, está afastado das competições. A distância das pistas e a incógnita sobre qual será o rendimento do sul-africano, há um vazio para a posição de principal astro paralímpico. Fonteles crê que pode ser este novo rosto.
"O Comitê Paralímpico vai fazer o trabalho para encontrar um outro Pistorius, mas acho que vários atletas dentro do movimento que podem fazer essa função. Acho que há grandes dificuldades de escolher só um atleta", ponderou o brasileiro.
Questionado sobre quem escolheria para ser o principal astro, entretanto, Fonteles admitiu: "eu me escolheria (risos). Hoje tem eu, o Jonnie, a Terezinha. Tem grandes atletas", enumerou o paraense. O inglês Jonnie Peacock foi um dos destaques da Paralimpíada de Londres, onde conquistou o ouro dos 100 m T44. Ao ouvir a sugestão de que o britânico poderia assumir o posto de astro por ter um belo sorriso, Fonteles retrucou: "mas eu sou mais bonito (risos)".
*O repórter viajou a convite do Comitê Paralímpico Brasileiro.
