O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira, 8, que os agricultores americanos receberão uma assistência de até US$12 bilhões em subsídios e terão apoio de outras políticas econômicas, incluindo cortes de impostos estatais sobre pequenos produtores.
Trump acrescentou que os EUA pretendem utilizar uma "pequena parte das tarifas, que já ajudaram a baixar déficit fiscal," para formar os fundos de assistência aos fazendeiros, ao fazer o anúncio em uma mesa-redonda com representantes do setor, a secretária da Agricultura, Brooke Rollins, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, e o conselheiro econômico da Casa Branca, Kevin Hassett.
Segundo Rollins, serão US$ 11 bilhões em recursos alocados para a agropecuária e distribuídos a partir de fevereiro de 2026, mas os fazendeiros já saberão quanto devem receber a partir deste mês, ao realizar o cadastro junto ao governo.
"Reservaremos US$ 1 bilhão só para garantir que cobriremos todas as posições necessárias", disse Rollins sobre o valor dito no começo da reunião por Trump.
Brooke disse que os fazendeiros estão enfrentando uma crise herdada de outras gestões, incluindo custos de fertilizantes e juros elevados.
A reação da Associação Americana de Soja
A Associação Americana de Soja (ASA, na sigla em inglês) avaliou, em nota, que o pacote de assistência de US$ 12 bilhões é um "primeiro passo positivo" para aliviar a pressão financeira sobre os produtores, mas defendeu soluções de mercado capazes de sustentar o setor no longo prazo.
"Agradecemos a atenção da administração aos desafios que os agricultores continuam a enfrentar no mercado atual", afirmou o presidente da ASA, Caleb Ragland. "Enquanto aguardamos mais detalhes, acreditamos que o Programa de Assistência aos Agricultores é um primeiro passo positivo para restabelecer a segurança, enquanto os produtores de soja comercializam a safra deste ano e planejam a temporada de plantio de 2026."
Ragland destacou que a entidade pretende trabalhar com o Congresso americano e com a Casa Branca em medidas "orientadas pelo mercado, que fortaleçam a demanda pela soja americana e permitam que os agricultores compitam e prosperem no mercado global".
A ASA afirmou que os agricultores enfrentaram nesta safra uma combinação de preços baixos, custos de produção elevados e perda de mercados externos. As tarifas impostas por Trump sobre a China no início de 2025 reduziram as importações chinesas de soja americana de cerca de 29 milhões de toneladas por ano para zero, até a assinatura de um acordo em outubro.
A China é o maior comprador global de soja e absorve parte relevante da oferta dos Estados Unidos, mas as tarifas de Trump levaram a preferir outros fornecedores, o que favoreceu as exportações do Brasil.
No primeiro semestre de 2025, as falências agrícolas no país aumentaram cerca de 60% na comparação com 2024. Após o acordo com a China, os preços da soja subiram acima de US$ 11 por bushel, mas voltaram a recuar. Até agora, Pequim comprou apenas 20% do volume prometido para este ano, dentro do compromisso de 12 milhões de toneladas em 2025 e 25 milhões de toneladas anuais pelos próximos três anos.
Durante o primeiro mandato, quando Trump impôs tarifas sobre a China, o governo desembolsou cerca de US$ 23 bilhões para compensar agricultores. O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) estimou que os produtores de soja responderam por mais de 70% das perdas naquele período. Desde então, a China intensificou investimentos na cadeia agrícola de países como o Brasil para reduzir sua dependência da oferta norte-americana.